LANÇAMENTO

Disco de Zé Helder faz uma viagem nostálgica a Minas Gerais

Violeiro e compositor acaba de lançar 'Assopra o Borralho' , coproduzido com Ricardo Vignini, seu parceiro no grupo Matuto Moderno e do projeto Moda de Rock

Marita Siqueira
19/05/2015 às 20:20.
Atualizado em 23/04/2022 às 13:11
Zé Helder: "Pensei num disco mais enxuto em termos de orquestração para aparecer mais a viola. Talvez seja a temática mais regional que fiz" (Túlio Noronha/Divulgação)

Zé Helder: "Pensei num disco mais enxuto em termos de orquestração para aparecer mais a viola. Talvez seja a temática mais regional que fiz" (Túlio Noronha/Divulgação)

Violeiro e compositor acaba de lançar 'Assopra o Borralho' novo disco solo, coproduzido com Ricardo Vignini, seu parceiro no grupo Matuto Moderno e do projeto Moda de Rock Seguindo despretensiosamente a máxima “Se você quer ser universal, fale sobre sua aldeia. Você vai chegar a todo o mundo assim”, do escritor russo Liev Tolstói (1828-1910), o violeiro Zé Helder concebeu 'Assopra o Borralho', novo disco solo, coproduzido com Ricardo Vignini, seu parceiro no grupo Matuto Moderno e do projeto Moda de Rock. Com sonoridade acústica, o álbum recria a atmosfera do campo, “da roça” propriamente dita, para reviver musicalmente lembranças da antiga Cachoeira de Minas (MG), terra onde Zé Helder nasceu e passou a infância. As músicas trazem à tona costumes regionais como o sabão de cinza, o pão de queijo e a própria expressão “assopra o borralho” (as cinzas quentes que ficam no fogão após o uso) que batiza o álbum. “Meus discos anteriores eram mais rock’n’roll, tinham uma instrumentação mais elaborada, e, desde o começo de 'Assopra...', eu pensei num disco mais enxuto em termos de orquestração para aparecer mais a viola na concepção. Talvez seja a temática mais mineira, mais regional que fiz, mas isso aconteceu, não foi planejado, não. Me voltei às lembranças, coisas que vi de perto”, explica Zé Helder. Apesar do mote ser o passado, Helder se preocupou em não demonstrar ranço nostálgico. “Não quis falar em que pena que passou, mas no quanto foi bom porque existiu”, diz. Isso porque, segundo ele, não há mais a inocência de outrora. “Não existe mais essa pureza da vida no campo. É algo que ficou para quem fez aquilo na época. Hoje, se você for repetir esse discurso, de ‘ah, que bonito o carro de boi, o passarinho na árvore’, estará sendo fake. Eu, como compositor, estou atento a outras influências, a tudo que está acontecendo, e coloco isso no meu trabalho.” Segundo Zé Helder, a canção que impulsionou todo o disco foi a faixa de abertura, 'Água Limpa', com letra dele e música de Zeca Collares, mais a interpretação de Alzira E. “Desde a primeira vez que ouvi essa música do Zeca, achei maravilhosa e pensei numa letra para aquela bela melodia. Firmamos a parceria e tive a honra de ter a música gravada por Alzira. Ela é uma artista realmente ligada a Vanguarda Paulistana, acho que isso deu uma quebrada no conceito de ‘um artista mineiro falando só de Minas Gerais’. Foi muito importante tê-la no disco”, conta.Ioga Outra faixa destacada pelo músico é 'A Toada do Professor Hermógenes', em homenagem ao pioneiro da ioga no Brasil, que morreu no dia 13 de março sem ouvir a homenagem. “Aos 36 anos, o professor Hermógenes descobriu a ioga como uma alternativa para se curar, pois era tuberculoso e estava desacreditado na medicina tradicional. Descobriu a cura para o problema dele e de milhões de pessoas no mundo, escrevendo mais de 30 livros sobre ioga e fazendo conferência no mundo todo. Foi um sujeito extremamente importante e muita gente, como eu, deve a ele o interesse e a qualidade de vida decorrente da prática da ioga”, afirma. Encarte O cenário para as fotos do encarte foi escolhido a dedo: a casa de uma tia de Zé Helder. Aos 80 anos, ela ainda mantém na ativa o fogão a lenha que estampa a capa do disco. “Passei a infância em volta desse fogão”, lembra. 'Assopra o Borralho' foi gravado entre dezembro de 2012 a julho de 2014 no Visual Studio por Diovani Bustamante, em Pedralva (MG), e no Estúdio Bojo Elétrico por Ricardo Vignini, em São Paulo (SP).

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