XEQUE-MATE

Discípulos de Bolsonaro

29/05/2015 às 12:08.
Atualizado em 23/04/2022 às 12:00
Milene Moreto - ig (AAN)

Milene Moreto - ig (AAN)

Impulsionados por nomes polêmicos no Congresso, que conseguiram visibilidade na eleição do ano passado fazendo palanque com bandeiras da Igreja e da família, alguns vereadores de Campinas decidiram encarar discursos homofóbicos e de ódio ao tratar de um tema que deveria merecer respeito e amplo debate: o Plano Municipal de Educação. E nessa busca pelos votos, já que a eleição é no ano que vem, a ideologia de gênero entrou na pauta política de maneira um pouco distorcida. Qual era a proposta? O que se propôs lá em Brasília não foi ensinar ninguém a ser gay nas escolas. Foi só mostrar aos alunos que na sociedade existem diferenças. E, nesse espírito, ensinar aos alunos que é preciso respeitar, se livrar dos preconceitos e não discriminar quem não se comporta ou não pensa como ele. A lição é de convivência e acima de tudo de respeito ao próximo. Para isso, não deveria ser necessário votar qualquer tipo de projeto de lei ou propor emendas. Só que.... Acontece que para ganhar destaque em um grupo específico de eleitores, parlamentares campineiros da bancada religiosa pegaram a proposta e transformaram a discussão em algo que vai além do que foi colocado quando o Plano Nacional de Educação passou pelo Congresso.Outra proposta A ideia era fazer constar no Plano Nacional de Educação a possibilidade de construção nas escolas de políticas públicas para a superação das desigualdades educacionais, com ênfase na promoção da igualdade racial, regional, de gênero e de orientação sexual. Como era para ser O parágrafo causou polêmica e acabou rejeitado. Então, cabe agora a cada município colocar ou não no plano, que deve ser aprovado até o mês que vem na Câmara, políticas públicas voltadas para essa questão. Não consta Em Campinas, o governo optou por não incluir o parágrafo. Ou seja, o item não está previsto para vigorar na rede pública. Então, se a ideologia de gênero ou o outro texto que trata da desigualdade sequer são citados no plano, qual a razão de tanto debate e discussão? Eleições Para não perder o bonde, o vereador Campos Filho (DEM) aproveitou o momento para propor uma emenda à Lei Orgânica que proíbe que se discuta a ideologia de gênero, que ele acredita ser semelhante ao modelo aplicado na Suécia, no qual os estudantes não são chamados de “meninos ou meninas” e, sim, de “crianças”. Ele vai além: proíbe qualquer debate de gênero ou orientação sexual. O resultado? A discussão deixou de ser o Plano Municipal de Educação para virar uma bandeira eleitoreira.Grupos A emenda do democrata fortaleceu movimentos em Campinas que defendem agora a inclusão no plano de educação, do parágrafo barrado em Brasília, que trata das políticas de igualdade não apenas voltadas para a sexualidade, mas que abordam o racismo e regionalismo. Do outro, integrantes de diversas igrejas defendem que não cabe à escola fazer esse debate com os alunos e que os pais é que devem promover a orientação dos filhos e dentro de Casa. Reeleição e financiamento Aí os políticos reclamam que ficam nas mãos dos empresários porque eles financiam as campanhas, que isso gera a corrupção nos moldes do que acompanhamos agora na Petrobras. Então, quando têm nas mãos a possibilidade de mudar as coisas, o que os nossos deputados fazem? Aprovam o financiamento dos empresários e colocam a regra na Constituição. No pacote da reforma política, aprovaram também o fim da reeleição. Agora falta a outra votação na Câmara e avaliação do Senado para que as novas  regras passem a valer.  

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