JZ MOTTA

Dimensões do pênis e do prazer

Joaquim Motta
22/02/2013 às 05:00.
Atualizado em 26/04/2022 às 03:42

No mundo machista e falocentrado, as medidas do pênis se tornaram supervalorizadas. Precisamos revisar isso de modo adequado, respeitando os valores concretos, dados objetivos, e debatendo os abstratos, a incrível variedade subjetiva, tudo o que permeia esse panorama.

Os genitais masculinos e femininos podem se adaptar de muitas maneiras, conforme a compleição anatômica, a flexibilidade fisiológica, a excitação sexual e todo o complexo psicológico e afetivo que ocorre na relação.

Vou refletir sobre a grande maioria heterossexual da população (cerca de 85 a 90%). Na minoria homossexual, especialmente a masculina, o volume do pênis costuma ter uma significação exponencial, envolvendo mais homorrivalidade, o que comentaremos em outra ocasião.

Os mitos que os filmes pornográficos alimentam necessitam ser repensados. Os espectadores têm que lembrar que tudo aquilo é uma montagem. Como em uma peça de teatro, há muita maquiagem, depilação, efeitos especiais, exibicionismo e dramatização de cores, luzes e atores.

O uso de facilitadores da ereção (Viagra e sucedâneos) também interfere na produção pornográfica e nas experiências de desempenho e atletismo sexual que são espalhadas entre amigos como histórias de pescador...

Do ponto de vista do aproveitamento da excitação e do orgasmo, o tamanho do pênis pode ser importante, em determinadas situações heterossexuais.

Nas fases preliminares, conforme o estilo e as preferências dos pares, a dimensão do pênis pode promover fantasias exibicionistas, provocações diversas. O órgão maior facilitará esses ensaios e temperos lúdicos.

Aproximadamente 35% das mulheres não têm prazer vaginal, vivenciando os orgasmos por massagem de dedo ou língua no clitóris. Essas não têm interesse na penetração, a não ser para atender o parceiro que assim deseja.

Mesmo que apreciem as preliminares, os fetiches lúdicos de um pênis maior, essas mulheres, ao oferecer a vagina para o parceiro, poderiam mudar de ideia... Se já tiveram orgasmo e não estiverem muito lubrificadas, prefeririam o menor pênis possível, o que menos incomodasse!

Por outro lado, as mulheres que frequentemente têm orgasmos vaginais são mais propensas a chegarem ao clímax quando o pênis do homem é maior.

De acordo com um estudo publicado no 'Journal of Sexual Medicine', desenvolvido na Universidade do Oeste da Escócia, as mulheres afirmaram que o pênis maior ajuda na cama.

Foi definida uma “média” do tamanho peniano (cerca de 14,9cm) e, tendo este número como base, foi perguntado se as mulheres tinham mais orgasmos quando estimuladas por pênis que estavam acima ou abaixo da média.

A maior parte das mulheres que têm orgasmos vaginais afirmou que quanto maior o pênis, melhor. Mas o exagero atrapalha.

A ansiedade masculina sobre seu genital idealizado (grande e facilmente erétil) pode ser uma cultura de estereótipos dos homens e não se refletir em toda a sociedade. No entanto, para algumas mulheres de prazer vaginal o volume peniano realmente importa.

Entre sexólogos, ginecologistas e psicólogos, a polêmica sobre o orgasmo feminino segue plenamente aquecida.

Há os que entendem que ele é sempre clitoriano, de modo que a mulher que tem prazer vaginal responderia à estimulação da parte interna do clitóris, muito próxima e ligada à parede da vagina. O orgasmo vaginal seria apenas outro nome para o orgasmo clitoriano, ou o “orgasmo do clitóris interno”...

Contrariando essa perspectiva, há menos de um ano, no mesmo 'Journal of Sexual Medicine', outro estudo polêmico sugeriu evidências de que os orgasmos vaginal e clitoriano são, de fato, fenômenos totalmente separados e que ativam diferentes áreas do cérebro.

Os homens quase que se restringem exclusivamente a seus genitais para o erotismo e o prazer orgástico.

As mulheres são bem mais amplas, extensas e complexas em sua excitação e prazer. As zonas erógenas de algumas podem levá-las ao orgasmo (estimulação dos mamilos, por exemplo). O ponto G é outra referência de prazer que segue polêmica e dúbia.

O valor afetivo do parceiro é também uma circunstância subjetiva de enorme influência para o prazer feminino. Uma moça expressou que, no início do relacionamento, não gostava muito do namorado, o genital dele parecia sem graça e mínimo. Depois que começou a gostar do rapaz, parece que o pênis é encantado, grande e intenso!

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