OPOSIÇÃO

Dezenas vão às ruas do México contra reformas

Mobilização foi convocada pelo ex-candidato à presidência pela esquerda Andrés Manuel López Obrador

France Press
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08/09/2013 às 18:56.
Atualizado em 26/04/2022 às 01:08

Mais de 40 mil pessoas se reuniram na avenida central da capital mexicana (France Press)

Dezenas de milhares de pessoas participaram neste domingo (8) de um ato do ex-candidato à presidência pela esquerda Andrés Manuel López Obrador, que convocou uma mobilização pacífica contra as reformas nos setores de Energia e Fazenda, classificando-as de "traição". "Podemos impedir, com uma mobilização popular pacífica, a privatização do setor energético e os aumentos de impostos", afirmou Obrador para as mais de 40 mil pessoas que se reuniram na avenida central Juárez. O dirigente disse que as iniciativas do presidente Peña Nieto para a gigante do petróleo Pemex, que contempla contratos de participação nos lucros com empresas estrangeiras, e o setor público representam "um ato de traição à pátria". López Obrador foi ovacionado pelos manifestantes ao comparar as reformas a episódios históricos, como a venda realizada em meados do século XVIII pelo ex-presidente Antonio López de Santa Anna, aos Estados Unidos, de boa parte do território mexicano, que forma hoje o estado do Texas. "A pátria não se vende, se ama e se defende!", gritava o público. "A intenção é que as empresas fiquem com até 50%. Trata-se de um assalto vil e descarado!", criticou López Obrador. O governo afirmou que o controle dos hidrocarbonetos e de sua receita continuará em poder do Estado. A Pemex, responsável por mais de um terço dos recursos públicos do país, registrou uma queda de produção de 3,4 mbd em 2004 para 2,5 mbd em 2012. O governo considera imprescindível uma associação com empresas privadas, em meio aos altos custos da extração em águas profundas e ultraprofundas do Golfo do México. O Congresso começará a debater em breve as iniciativas apresentadas pelo governo e pelos dois grandes partidos de oposição para modernizar a Pemex, um símbolo da soberania do México desde que foi criada, após a nacionalização do petróleo, em 1938, pelo ex-presidente Lázaro Cárdenas (1934-1940). Participaram do ato partidários de várias regiões do país, como Alfredo Heredia, 63, agricultor do estado de Tabasco, de onde se extrai cerca de 25% do petróleo. "Como não concordaremos com a reforma da Pemex se sabemos que poderíamos viver muito melhor se os lucros com a venda do petróleo fossem divididos justamente? Mas sabemos que não será assim e que seremos cada vez mais pobres", lamentou. "Não passa de um assalto ao povo. É uma mentira que a Pemex não seja rentável", afirmou o estudante de medicina Alejandro Rosales. "Os investidores estrangeiros chegam, extraem os recursos do território com mão de obra mexicana barata, e o lucro não fica no país. É uma história que conhecemos bem, foi assim com o ouro, a prata e o cobre", assinalou o estudante de engenharia Carlos Sánchez. "Aos poucos, a paciência acaba. O povo não é idiota", dizia um dos cartazes exibidos pelos manifestantes. López Obrador havia convocado seus partidários para se reunirem na central praça do Zócalo, mas o espaço está ocupado por milhares de professores, acampados em protesto contra a reforma educacional. O líder esquerdista convocou uma passeata na capital para o próximo dia 22.

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