ATENAS 2004

Dez anos de um bronze histórico na Maratona

Vanderlei Cordeiro é o único medalhista do País na prova e poderia ter sido ouro, não fosse um ex-padre

Renata Rondini
29/05/2014 às 20:10.
Atualizado em 24/04/2022 às 11:19

O próximo dia 29 de agosto marcará os 10 anos da conquista do inédito bronze brasileiro de Vanderlei Cordeiro de Lima na maratona olímpica, em Atenas, na Grécia. Além do feito histórico, o episódio também será lembrado pelo ataque do ex-padre irlandês ao maratonista a pouco mais de sete quilômetros da chegada do estádio Panathinaiko, quando Vanderlei liderava a prova e, se não tivesse sido agarrado, poderia ter faturado o ouro. Assim como fez naquele pódio na Grécia, Vanderlei Cordeiro de Lima continua a comemorar muito a medalha de bronze, a única do Brasil até hoje na prova."A lembrança que ficou na memória daquele dia em Atenas foi a entrada no estádio Panathinaiko, saber que, dali em diante, ninguém me roubaria aquele bronze", comentou o ex-atleta, que hoje se dedica ao Instituto Vanderlei Cordeiro de Lima, que atende crianças e jovens fomentando a inclusão social pelo esporte.Ele acredita que, ao longo destes 10 anos, algo melhorou para o esporte no Brasil, mas pouco. "Reconheço que aumentaram os recursos para o esporte, se investiu mais nas estruturas para o desenvolvimento esportivo, mas ainda é muito pouco perto do que o esporte precisa. É um processo lento, é necessário priorizar a base, dar a oportunidade para os jovens conhecerem o atletismo, se desenvolverem no esporte, desta forma, a descoberta de talentos será consequência", comentou o ex-maratonista.Vanderlei Cordeiro de Lima defende a massificação da modalidade e o planejamento da base ao alto rendimento para que o esporte brasileiro possa ter melhores resultados. Um otimista nato, torce para que a Olimpíada do Rio de Janeiro seja um sucesso. "Como todo brasileiro, quero que o Brasil esteja pronto para receber o maior evento esportivo do mundo, mas, acima de tudo, quero que os Jogos Olímpicos deixem um legado para o nosso País. Gostaria muito que o Brasil aproveitasse essa oportunidade para descobrir e desenvolver novos talentos em diversas modalidades esportivas", disse.Confiante no rendimento do atletismo brasileiro nos Jogos de 2016, Vanderlei destaca, porém, que, na maratona, os africanos são "osso duro de roer". "Precisamos levar em consideração algumas características da prova como, por exemplo, as questões climáticas. Elas podem ser decisivas e favorecer os atletas que estão acostumados com o nosso clima, mas se considerarmos os critérios técnicos, os africanos sempre levam vantagem", concluiu o ex-corredor.FESTEJO DA DATAO Instituto Vanderlei Cordeiro de Lima (IVCL) está com um programação especial nesta temporada para comemorar os "10 anos do Bronze Histórico de Vanderlei Cordeiro de Lima". Entre as atividades, acontece o Circuito IVCL, festival de atletismo com a participação de crianças das escolas que integram o Programa IVCL na Escola, o qual tem como objetivo recrutar jovens para práticas esportivas regulares.O IVCL mantém quatro polos de treinamento de atletismo em praças de esportes da cidade, promovendo assim a massificação da modalidade. Um dos locais que recebem o projeto é a Praça de Esportes Emil Rached, na Vila Aeroporto, e os alunos da Escola Estadual Newton Pimenta Neves descobriram a modalidade.William de Andrade, de 9 anos, não sabe quem são os campeões das pistas, mas quando questionado sobre futebol, não tem dúvida, aponta Ronaldo como o melhor. Contudo, a parceria entre a escola e o IVCL lhe tem proporcionado descobrir as alegrias de correr e saltar. "Estou curtindo o atletismo, correr é legal. Antes, só fazia futebol, agora, estou descobrindo que tem prova com barreira, dardo, mas o melhor é sair correndo", comentou o garotinho, que já mostra qualidades na modalidade.O professor de educação física, Rodrigo do Couto Rosa, confirma que, após a parceria, os alunos conheceram o atletismo e passaram a desfrutar dos benefícios do esporte. "São mais de 200 crianças no projeto, sendo que algumas treinam até quatro vezes por semana e percebo que após a parceria, o atletismo foi enraizado na escola. Antes, era um pouco confuso para eles, pois eu passava os conceitos, mas não temos espaço para praticar. Agora, eles vivenciam a prática e pegaram gosto", explicou.

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