ENTREVISTA

Determinação da Ponte Preta faz Guto Ferreira sentir orgulho

Técnico é só elogios para os jogadores da Macaca e sonha em chegar ao título do Campeonato Paulista

Carlo Carcani
carlo@rac.com.br
22/02/2013 às 20:13.
Atualizado em 26/04/2022 às 03:36

O técnico Guto Ferreira vive um momento especial de sua carreira. No ano passado, à frente do Mogi Mirim, terminou a fase de classificação em 5º lugar, foi eliminado pelo Santos nas oitavas de final e conquistou o título do Interior. Depois, conduziu o Sapão à Série C e então veio para Campinas, onde assumiu o lugar ocupado com sucesso por Gilson Kleina durante quase dois anos.

Chegar a um clube do nível da Ponte Preta era a sua meta e, nesta entrevista exclusiva ao Correio Popular, Guto fala sobre as dificuldades iniciais e do momento de sucesso que vive agora, invicto e no topo da tabela do Campeonato Paulista.

Consciente de que ele e seu grupo ainda serão colocados à prova nos momentos decisivos da competição, o treinador deixa bem claro que seu objetivo é maior do que o da temporada passada. “Se a Ponte ficar entre os quatro, ninguém poderá dizer que não foi uma boa campanha. Mas eu quero ser campeão”, afirma o treinador, que contou também porque sente orgulho de comandar o elenco atual da Macaca.

Você chegou ao Majestoso para substituir o Gilson Kleina, que fez um trabalho muito bom e foi para o Palmeiras. Foi difícil assumir o lugar de um treinador que conquistou o acesso ao Brasileirão e chegou à semifinal do Paulista?

No futebol, o que manda é o resultado, mas aqui na Ponte, mesmo nos momentos difíceis, eu nunca senti uma pressão, uma situação desfavorável. Eu tinha convicção do tempo que ia levar para a gente colher os resultados. Em alguns momentos, fiquei sim preocupado, mas não com a qualidade do trabalho e sim com a receptividade de quem está no comando. Depois do jogo contra o Sport no Recife (derrota por 3 a 1, a segunda consecutiva), a diretoria me chamou para uma reunião. Eu fui esperando que eles me avisassem que se a gente não ganhasse do Santos haveria mudanças. Futebol é assim. Mas chegou na reunião e eu percebi porque são pessoas de sucesso na vida particular. Falaram que estavam gostando do meu trabalho e pediram para que eu trabalhasse para conseguir ao menos um empate. E se não desse tudo bem, a gente ganhava o próximo. Esse apoio aumentou a minha confiança e eu não podia decepcionar pessoas como essas. Felizmente, ganhamos do Santos. Nós trabalhamos o tempo todo para conseguir uma oportunidade como essa em um clube como a Ponte. Não poderia terminar tudo em cinco jogos.

Na vitória por 5 a 0 sobre o Oeste, o técnico Tite disse aos jogadores no intervalo que sentia orgulho de comandar um time como aquele. Que sentimentos uma campanha como essa ou uma vitória como a de domingo passado sobre o Santos despertam em você?

Sinto muito orgulho. E sinto orgulho o tempo todo, não só nas vitórias. Na estreia contra o Mogi Mirim, nós não vencemos o jogo, mas ninguém pode falar que o time não deu tudo o que tinha. O que me orgulha é esse poder de superação. E isso não é só no momento do jogo. No treino, esses caras pegam, ralam muito... No final de semana, meus auxiliares comandaram treino dos atletas que não foram relacionados para a partida com o Santos. Você pode ficar chateado se não fica nem em uma relação de 19 jogadores. Mas meus auxiliares falaram que eles treinaram pra c... É importante que seja assim, porque quando eu precisar deles, estarão prontos para entrar no time. Além disso, treinando nesse nível de intensidade, eles vão exigir muito do grupo que vem jogando. O que eles estão fazendo dentro de campo é reflexo de todo esse trabalho. E isso me enche de orgulho.

Você teme que o sucesso da campanha tire o foco de alguns jogadores?

Ficamos atentos a isso o tempo todo. Não há nenhum sinal de problemas por enquanto. Quando acontece, tentamos resolver. E se o jogador mostrar que não tem solução, a gente precisa cortar na carne. Por mais qualidade que tenha o atleta, é melhor tirá-lo do grupo do que prejudicar a unidade da equipe.

Depois de vencer o Santos, a Ponte Preta joga domingo contra o lanterna do campeonato. O fato de o jogo ser mais fácil pode gerar uma acomodação do time, que vem de uma atuação intensa contra o tricampeão paulista?

Eu falo que é o jogo mais difícil. Você que está dizendo que é mais fácil. O rendimento do ser humano é imprevisível porque pode ser influenciado por muitos fatores. A família, o clima, o momento, a confiança.

Você considerou a sua campanha do ano passado no Mogi Mirim satisfatória?

Claro. Chegamos entre os oito e ganhamos o título do Interior, o que é importante para um time que vinha sempre lutando para não cair.

E agora na Ponte, sua expectativa é a mesma ou é maior?

É maior. A Ponte tem mais camisa e isso pesa. Tem mais tradição de chegar do que o Mogi. Se chegar entre os quatro, eu não vou dizer que não foi uma boa campanha. Eu ficarei satisfeito. Mas o sonho é outro. O que eu quero é ser campeão. Quero que a torcida grite é campeão e não é do interior, não. No Mogi, eu imaginava que seria possível chegar à final, mas sabia que seria muito difícil ser campeão. Agora, eu penso no título sim. Se vamos conseguir são outros quinhentos. A Ponte tem um ótimo elenco, mas ainda temos que provar em campo, dosar o ego, uma série de coisas.

A Ponte tem dois jogadores que têm atuado em altíssimo nível, casos de Cicinho e Cléber. Você acha possível que eles venham a ter uma chance na Seleção Brasileira nesse período de Copa das Confederações e Copa do Mundo?

Olha, o Cicinho eu não sei dizer. Os caras que estão sendo chamados para a posição de lateral-direito são todos lá de fora e geralmente são jogadores que têm uma bola parada muito forte. E isso não é a especialidade do Cicinho. O Cléber... não sei não, hein? Já houve um diz-que-diz sobre isso quando ele surgiu, mas daí teve a mudança na comissão técnica da Seleção. Se eles vão convocar eu não sei, mas, na minha concepção, ele está entre os melhores zagueiros da atualidade no futebol brasileiro. Ele não deve nada para muitos que já foram chamados. Pode não ser chamado por estar surgindo agora, mas está surgindo maduro. Não sei se vai ser agora, mas pela idade que tem (22 anos), acredito que, em algum momento, ele vai chegar à Seleção.

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Anuncie
(19) 3736-3085
comercial@rac.com.br
Fale Conosco
(19) 3772-8000
Central do Assinante
(19) 3736-3200
WhatsApp
(19) 9 9998-9902
Correio Popular© Copyright 2025Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por