TURISMO

Destinos improváveis atraem turistas aventureiros

Que tal trocar Paris por Cabul? Procura por roteiros incomuns vem crescendo entre viajantes

Correio Popular
31/03/2013 às 14:00.
Atualizado em 25/04/2022 às 22:23
Templo de Sakhi Shrine, em Cabul, no Afeganistão: país tem atraído principalmente norte-americanos (Cedoc/AAN)

Templo de Sakhi Shrine, em Cabul, no Afeganistão: país tem atraído principalmente norte-americanos (Cedoc/AAN)

Nem todo viajante de carteirinha se arrisca a conhecer destinos no Exterior que estejam fora do “mapa básico dos sonhos”: Nova York, Paris, Londres, Madri, Roma, Buenos Aires etc. Há uma leva descolada, porém, que prefere traçar roteiros de experiência em lugares improváveis. Atentas ao perfil desse tipo de viajante, agências em número crescente têm investido na criação de pacotes personalizados (roteiros exóticos ou de experiência).

“É o que denominamos aqui de travel design”, introduz o consultor de viagens Durval Ribeiro, da Transmar Turismo, de Campinas. “Atendemos cada vez mais pessoas que não querem percorrer um circuito turístico, convencional e além disso, gostam de incluir passeios inusitados num pacote personalizado. Exemplos? Voo de balão pela Namíbia, na África; mergulho em Sambart, no Caribe, ou esqui na França”, enumera.

Há grupos de amigos ou viajantes sozinhos dispostos a explorar o Vietnã pós-guerra, a palmilhar os cenários que inspiraram escritores como o Nobel de literatura Gabriel García Márquez em Cartagena (Colômbia), a identificar o que há de Bram Stoker na romena Transilvânia. Fluentes em outros idiomas (sobretudo em inglês) e que já tenham esgotado a lista de viagens hypadas, por assim dizer, são os mais ávidos por novas “aventuras”. “Esses preferem investir tempo e dinheiro em viagens e estão realmente interessados no potencial histórico e cultural do destino. O que mais pretendem, em suma, é ter algum tipo de vivência noutro país”, salienta o consultor.

Bem antes de se tornar efetivamente público-alvo desse nicho de mercado (o que só facilitou as coisas), a jornalista e blogueira campineira Mari Campos, por exemplo, já havia listado e percorrido, determinada, uma série de points que um turista comum talvez tenha legado à sorte conhecer. Tanto que, por predileção expertise, acabou se especializando em jornalismo de viagens.

“Como sou freelancer para distintos meios de comunicação em diferentes países, é com o que escrevo sobre essas viagens que gero meu salário. Mas viajei muito mais a passeio que a trabalho, sem sombra de dúvida”, esclarece ela numa trégua entre Cairo-Paris-e-sabe-lá-o-que-virá.

Tarimbada desde os 18 anos (idade em que alçou o primeiro voo com “asas emprestadas”), calcula já ter visitado uns 30 países nos cinco continentes. Meses atrás, ela conheceu o sexto, inóspito e gelado: Antártica, lugar sonhado desde quando leu, na adolescência, livro do explorador Amyr Klink. Levou tão sério os conselhos do escritor de “conhecer o frio para desfrutar do calor”; e de que “um homem precisa viajar por sua conta” que vive fazendo e desfazendo malas.

“Tomei um cruzeiro de travessia do Brasil à Namíbia para fazer a rota aventureira de Klink ao contrário e com muito conforto. E porque fazia questão de conhecer a ilha de Santa Helena, que encantou Darwin e onde Napoleão foi enterrado. Foi uma surpresa encontrar lá viajantes na mesma faixa etária e perfil”, revela.

Se, na Antártica, saber lidar com o frio é ponto pacífico, noutro extremo, Egito, o contexto político deve ser levado em conta, prescrutado. Por sorte, “E como diz o bordão, as coisas são sempre piores na TV. Encontrei um país incrível, povo amável e nem sinal de manifestações político-sociais”, observa a jornalista.

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