MOACYR CASTRO

Deste tamanho!

27/10/2013 às 05:00.
Atualizado em 26/04/2022 às 07:28

Ele continua o mesmo; eu é que engordei. Mas nós dois somos os caipiras de sempre, sem se ver há mais de quarent’anos, mas volta e meia a gente se ouve -- pelo telefone. É o Bambuzinho, peça rara do cancioneiro da roça. Liga para saber de uma provável ex-professora do velho e demolido “Grupo Escolar Municipal Corrêa de Mello”, ali perto do Mercadão, anos 50s. Pensa que ela é parente do Adilson Mion, um dos ilustres de Santo Antônio de Posse, sobre quem conversamos aqui semana passada. “É a dona Alda, tão bonita, que fez aquele filme, ‘Fernão Dias’, rodado em Campinas. O nome dela é Alda Mion.”. Tão bonita, que também conheci e nunca me esqueci, mas não a sabia atriz, porque o filme, apesar de educativo, era “impróprio para menores de dez anos”. (Tinha cenas de suicídio; o bandeirante mandando matar o filho traidor; índio de relógio em pleno século 17; marcas de pneus de caminhão na trilha do caçador de esmeraldas; o furgão leiteiro da Vila Brandina passando lá no fundo e, não sei porque, fumaça saindo da chaminé da fábrica de chapéus do seo Miguel Cury.) No “Dicionário de Filmes”, a decepção. No elenco, nosso secretário de redação aqui do “Correio Popular”, Carlito Tontoli, no papel do mocinho e filho bondoso do chefe da bandeira. Tão bondoso, que em vez de matar uma onça velha e desdentada, que atacava a mocinha Alda, preferiu ‘matar’ uma fera empalhada, que lhe caiu nos ombros, petrificada – de medo, talvez. A desdentada existiu, mas não fez mal a ninguém (Avançar em quem, sem dentes?). A bela Alda foi, de fato, professora do Bambu, mas nada a ver com o Adilson. Seu sobrenome nas fichas é “Minon”. Agora, tentamos localizá-la, porque naquela nossa idade, se o bom menino não fazia xixi na cama, também não se esquecia da sua professora, e na escola fazia “sempre, sempre, a lição”. Para quem não conhece esse adorável misto de palhaço caipira e taxista, ele está todas as manhãs no ar pela Rádio Central. E na Rádio Nova Sumaré, do João Fraceschini, outro companheiro d’antanho: o sanfoneiro Pontelli, que fazia o único trio de música caipira do mundo, com Maracá e Dorinho. A gafe tinha de acontecer com eles. Eu fazia um programa na Rádio Cultura, do comendador Abel Pedroso, todo sábado, da meia-noite às cinco da manhã de domingo. Quando o Bambu chegava, eu batia um papo rápido com ele e ia embora. Num daqueles papos, apagou-se a luz do estúdio e eu esbravejei um o'diacho!’, pensando que a “rádia”, como eles diziam, tivesse saído do ar. Na porta do elevador, sai o trio e o Pontelli pergunta: “Quem foi que soltou um ‘diacho deste tamanho’ no microfone indagorinha!? Ouvi no rádio do carro.”. Porca pipa! Ainda bem que nem àquela hora seo Abel ouvia a radio dele. Se ouvisse, eu estaria no olho da rua, porque não foi bem o'diacho!!” que eu falei... Claro que eu não vou escrever aqui, porque o Sylvino lê o “Correio” e eu estaria já, já, do outro lado da rua! Pregado no poste: “Não perdoe os políticos, porque eles sabem o que fazem”

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