saúde

Desestressar para não infartar

Cerca de 15% dos infartos são causados por uma situação de estresse repentino e muito forte, provocando o fechamento de uma artéria coronária

Da Redação da Metrópole
02/10/2018 às 13:26.
Atualizado em 22/04/2022 às 00:19
Durante uma crise de estresse, a pessoa pode ter, ainda, sintomas parecidos aos de um ataque cardíaco, como falta de ar, coração acelerado e transpiração excessiva (Stock)

Durante uma crise de estresse, a pessoa pode ter, ainda, sintomas parecidos aos de um ataque cardíaco, como falta de ar, coração acelerado e transpiração excessiva (Stock)

Em situações de estresse repentino, a defesa do organismo faz com que hormônios como a adrenalina e a noradrenalina sejam liberados, causando redução do calibre dos vasos sanguíneos, espasmos das artéria coronárias, aumento da pressão arterial e da frequência cardíaca. São os chamados hormônios do estresse. Mas por que tudo isso se altera? Porque são essas alterações que fazem com que mais sangue chegue aos órgãos e músculos, o que facilita uma corrida ou atividade de grande intensidade (como uma luta, por exemplo). Durante uma crise de estresse aguda nota-se rubor facial, sudorese e palpitações, semelhante ao infarto. Agora imagine passar por esse processo muitas vezes em um mês ou em uma semana? “Os hormônios do estresse, também chamados de catecolaminas, são estimuladores da musculatura do coração, fazendo com que ele contraia e relaxe. Quanto mais o coração passa por esse processo, mais esse sistema fica ineficiente”, alerta o cardiologista e coordenador do Programa de Infarto Agudo do Miocárdio HCor, Leopoldo Piegas. Embora sejam minoritários, cerca de 15% dos infartos são causados por uma situação de estresse repentino e muito forte, desencadeado pelo fechamento das artérias coronarianas. “Durante uma crise de estresse, a pessoa pode ter ainda sintomas parecidos aos de um infarto, como falta de ar, coração acelerado e transpiração excessiva. Caso esses sintomas apareçam pela primeira vez, o paciente deve ir imediatamente a um hospital para avaliar se é um infarto, especialmente se ele tiver fatores de risco como diabetes, histórico familiar de doenças cardiovasculares, fumo, hipertensão, má alimentação e sedentarismo. Nesse caso, os sintomas podem se prolongar para dor no peito, no braço esquerdo, costas, mandíbula e estômago”, esclarece o especialista. Por outro lado, se o paciente já teve os sintomas várias vezes ao longo da vida, já foi ao médico e não foi diagnosticado nenhum problema no coração pode ser uma síndrome do pânico. “Nesse caso, é importante que seja feito um acompanhamento conjunto com o psiquiatra e também com o cardiologista. Em alguns casos, o estresse pode ter origem familiar ou relação com histórias de vida, mas pode ser também desencadeado por fatos estressantes como vestibular, perda de um ente querido ou casamento. Ele é mais comum em mulheres e na fase adulta”, afirma. Limpar a mente Segundo o cardiologista do HCor, para evitar que o estresse acumule, a dica é tirar 10 minutos do dia para pensar em uma única imagem e nada mais, como um desenho simples de uma árvore ou uma paisagem, por exemplo - essa técnica ajuda a "limpar" a mente do excesso de preocupações - que podem levar a uma crise de pânico. Piegas aconselha, também, sobre a importância de remédios que ajudam a reduzir o risco de infarto, como os de pressão alta, os anticoagulantes e as estatinas (para o colesterol). “Nesse último caso, o medicamento diminui a quantidade de colesterol na corrente sanguínea e evita que se formem placas de gorduras nas artérias. Porém, as estatinas não eliminam as placas que já existem, apenas reduzem a inflamação que elas causam, abrindo maior espaço para o fluxo de sangue”, explica. É importante ainda que, para reduzir o risco de infarto, o paciente seja o mais ativo que puder e faça exercícios físicos regularmente. Isso porque, além de reduzir o estresse, ao se exercitar, o músculo cardíaco se fortalece e produz novas redes de circulação do sangue, criando caminhos alternativos caso a pessoa tenha um ataque cardíaco”, orienta Piegas. O especialista ressalta que combater o estresse é muito importante. “Hábitos e estilos de vida saudáveis, além do cultivo de hobbies para relaxar são fundamentais para blindar as dificuldades a que somos expostos todos os dias”, diz. O médico também tem um papel importante nesse processo de redução de estresse. “A espiritualidade, emoções e os comportamentos também devem ser analisados, mesmo que por um médico cardiologista. Pois tudo isso diz muito sobre como o paciente vai enxergar e aceitar o tratamento”, finaliza Piegas.

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