TRABALHO

Demanda faz de engenharia civil profissão promissora

Faculdades formam 40 mil por ano, mas a necessidade do mercado atualmente é de 90 mil

Cecília Polycarpo
04/10/2013 às 11:02.
Atualizado em 25/04/2022 às 01:00
Hélida, de 35 anos, começou a trabalhar no 2º ano da faculdade e nunca mais parou (César Rodrigues/AAN)

Hélida, de 35 anos, começou a trabalhar no 2º ano da faculdade e nunca mais parou (César Rodrigues/AAN)

O pacote de obras de infraestrutura anunciado no ano passado pelo governo federal, combinado com o bom momento do mercado imobiliário brasileiro, abriu espaço para a mais tradicional das engenharias. Com participação de 17,5% no Produto Interno Bruto (PIB) nacional, a engenharia civil foi apontada pela Federação Nacional das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) como uma das profissões que devem permanecer em alta no País pelo menos até 2020.Em Campinas, as empresas do setor voltaram a investir e contratar, depois de um período crítico para novos empreendimentos. A insegurança jurídica criada por aprovações irregulares no governo do prefeito cassado Hélio de Oliveira Santos (PDT) fez despencar a quantidade de lançamentos imobiliários. Mas a criação de uma força-tarefa na Prefeitura para agilizar as liberações e a expectativa de uma nova lei de uso e ocupação do solo na cidade aqueceu novamente a área, e profissionais recém-formados encontram grande quantidade de vagas.O diretor da Faculdade de Engenharia e Arquitetura da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Paulo Sérgio Franco Barbosa, explicou que o Brasil passou por três “ondas” consecutivas que impulsionaram a engenharia civil desde os anos 2000. A primeira delas foi em 2004, quando o País passou a exportar grande quantidade de commodities para o mercado asiático, principalmente para a China. O desenvolvimento das indústrias de minérios que abasteciam as fábricas do Oriente demandou grandes níveis de geração de energia, o que alavancou diversos tipos de construções.Em 2005, foi a vez do boom imobiliário, com a expansão do crédito habitacional e criação de programas de moradias sociais. “A terceira onda foi o pacote de infraestrutura do governo federal. A construção de modais de transporte, modernização de portos e aeroportos e reforma de rodovias demandam muito engenheiros. E tenho certeza que a boa fase dura pelo menos mais uma década, com as obras da Copa, Olimpíadas e PAC (Programa de Aceleração do Crescimento, do governo federal)”, disse Barbosa.O engenheiro civil é o profissional responsável por projetar, gerenciar e executar obras como casas, edifícios, pontes, viadutos, estradas, barragens, canais e portos. Ele coordena e acompanha também todos os processos de construção e reformas. Sua atuação incluiu análises de características do solo, estudo da insolação e ventilação do local e a definição dos tipos de fundação.A professora Laura Fais, do curso de Engenharia Civil da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), disse ainda que é ele o profissional responsável por chefiar equipes de trabalho em canteiros de obras, supervisionando materiais, custos, padrões de qualidade e de segurança.Como Barbosa, Laura afirmou que os dois ramos mais aquecidos da engenharia civil hoje são os empreendimentos imobiliários e projetos de infraestrutura. “O mercado imobiliário no País ficou durante muito tempo parado, mas hoje vive um dos seus melhores momentos. Além disso, estamos presenciando uma quantidade grande de investimentos na construção e ampliação de rodovias. São áreas que absorvem muita mão de obra.”Na década de 90, segundo a professora, era comum alunos da faculdade ouvirem de professores que eles poderiam ser empregados no mercado financeiro ou na área de administração, mas que não trabalhariam com engenharia civil. “Mas eles estavam enganados, porque a área de engenharia é muito cíclica.”Os alunos da PUC-Campinas conseguem estágio com facilidade anda nos primeiros anos de faculdade. A universidade tem convênio com diversas empresas do setor e o salário de um estudante em formação pode chegar a R$ 2 mil. Já depois de receberem o diploma, os jovens chegam a ser contratados por R$ 6 mil mensais. “A remuneração depende muito da área de atuação. Mas, em qualquer empresa, o engenheiro civil consegue subir de patamar com facilidade”, disse a professora. Cargos de gerência e coordenação em grandes companhias chegam a R$ 15 mil. TrabalhoA engenheira civil Hélida Duarte Sellin, de 35 anos, começou a trabalhar no segundo ano do curso da PUC-Campinas e nunca mais parou. Depois de entrar para a Gutierrez Engenharia, em 1998, como estagiária de pavimentação e drenagem, viu sua carreira deslanchar. A experiência em uma grande empresa de construção lhe deu gabarito para tocar, logo depois de formada, uma grande obra nos terminais de exportação e importação do Aeroporto Internacional de Viracopos. Depois de passar pela Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento S.A. (Sanasa), recebeu uma proposta da Construtora Lix da Cunha e hoje comanda os trabalhos de um dos maiores empreendimentos da empresa. O fato de ser mulher, segundo ela, nunca lhe atrapalhou no canteiro de obras."Na verdade, acho que os meus colaboradores sempre me trataram com mais respeito e cuidado por eu ser mulher. Nunca tive minha competência questionada" , contou. Hélida é responsável também por monitorar a autorização de obras da empresa e afirmou que a cidade ainda patina para liberar empreendimentos importantes. "Muitas construções que deveriam estar concluídas na cidade ainda nem saíram do papel. Apesar da situação da Secretaria de Urbanismo estar melhorando, a demora ainda é grande" .Sua principal dificuldade no momento é encontrar pessoal qualificado. Segundo ela, faltam engenheiros civis em Campinas. O mesmo cenário é encontrado no resto do País. A cada ano, as universidades brasileiras formam 40 mil engenheiros. Mas, para atender a demanda do mercado, deveria formam 90 mil, de acordo com o Ministério da Educação (MEC). Nos próximos cinco anos, o Brasil precisará contar com 300 mil engenheiros de todas as áreas. E uma dos setores mais defasados é o da engenharia civil. 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