LAVA JATO

Delator cita reuniões com Odebrecht para propinas

O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa detalhou em depoimento à Polícia Federal o pagamento de propina de US$ 5 milhões

Agência Estado
24/06/2015 às 10:30.
Atualizado em 28/04/2022 às 15:42
Costa vai ser ouvido na ação penal em que o ex-diretor da Área Internacional da estatal Nestor Cerveró e o empresário Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, são réus ( Agência Brasil)

Costa vai ser ouvido na ação penal em que o ex-diretor da Área Internacional da estatal Nestor Cerveró e o empresário Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, são réus ( Agência Brasil)

O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa detalhou em depoimento prestado nesta terça-feira (23) à Polícia Federal o pagamento de propina de US$ 5 milhões por ano pela petroquímica Braskem - empresa que tem a Odebrecht como sócia da Petrobras - intermediado pelo diretor demissionário da Construtora Norberto Odebrecht Alexandrino Ramos de Alencar. Primeiro delator da Operação Lava Jato, ele revelou que o doleiro Bernardo Freiburghaus, acusado de operar propina para a empreiteira, foi quem cuidou dos depósitos em contas secretas mantidas na Suíça. Transferência Alexandrino Alencar trabalhou na Braskem de 2002 a 2007, quando foi transferido para a holding da Odebrecht. Até a noite de anteontem, ele era diretor de Relações Institucionais da empreiteira. Após a empreiteira confirmar a demissão do diretor, sua prisão temporária de cinco dias foi prorrogada por mais um dia pelo juiz Sérgio Moro - que conduz os processos da Lava Jato em Curitiba.Segundo Costa, ele, Alexandrino Alencar e o ex-deputado José Janene (morto em 2010) negociaram o pagamento das propinas da Braskem em um hotel na capital paulista. De acordo com o delator o esquema de propinas teria perdurado de 2006 a 2012 com a atuação de Freiburghaus no exterior. Divisão "Um percentual deste montante (propina) era destinado a sua pessoa (Paulo Roberto Costa), tendo recebido valores junto a suas contas mantidas na Suíça por meio do operador Bernardo Freiburghaus", relatou Costa no seu depoimento.Freiburghaus, que mora na Suíça, é tratado pelos investigadores como peça-chave para a descoberta do suposto envolvimento da Odebrecht no esquema de cartel e corrupção na Petrobras. Ele é considerado foragido pela força-tarefa e foi apontado por pelo menos três delatores como o responsável pelas movimentações da empreiteira fora do País. Outro depoimento O próprio Alexandrino Alencar, em depoimento a investigadores na segunda-feira (22), admitiu que tratou de doações da Braskem ao PP em encontros com Janene, o doleiro Alberto Youssef e Costa em hotéis de São Paulo. De acordo com o executivo, as "tratativas" foram interrompidas após Janene ser citado no escândalo do mensalão, que veio à tona em 2005.Alexandrino Alencar, contudo, nega que tenha tratado de propinas nas reuniões. Ele afirmou que cuidava de doações eleitorais da empreiteira e admitiu que, a partir de 2007, participou de reuniões na casa de Janene, em São Paulo, para "tratar de assuntos políticos, inclusive quanto a quem a Odebrecht iria apoiar politicamente". Doações ao PP Ainda segundo o executivo, as doações ao PP e a "alguns candidatos", que ele não detalhou, em 2008 e 2010 foram definidas a partir desses encontros. O executivo já admitiu que o "carregador de malas" de Youssef Rafael Ângulo Lopez foi à sede da Odebrecht umas "quatro ou cinco" vezes.Com bom trânsito entre políticos, Alexandrino Alencar chegou a acompanhar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em uma viagem à América Central e do Norte em 2013. Veja também Plano da Petrobras prevê corte de até 40% nos investimentos Diante das dificuldades financeira, a nova gestão preferiu adotar uma redução drástica do orçamento, em linha com o que espera o mercado. Sérgio Moro revoga prisão de três presos na Lava Jato A decisão favorece os consultores Antônio Pedro Campelo de Souza, Flávio Lúcio Magalhães e Christina Maria da Silva Jorge, ligados à Odebrecht e Andrade Gutierrez. Dono diz que 'nunca recebeu privilégios' do governo Dono da maior empreiteira do País e preso pela Operação Erga Omnes, a mais nova etapa da Lava Jato, prestou depoimento à Polícia Federal no dia 18

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