PIRACICABA

Deficiente coleciona medalhas e é exemplo de superação

Má formação congênita nunca foi motivo para ele desistir de alcançar seus objetivos

Gazeta de Piracicaba
igpaulista@rac.com.br
15/04/2013 às 11:27.
Atualizado em 25/04/2022 às 20:19

Catalini com a esposa Ariele, que faz as trufas, e filha Akiza, de um ano (Fotos: Antonio Trivelin)

A coleção de medalhas de Leandro Assis Catalini Souza, 22, é deixar qualquer um com inveja. Ele joga basquete, futebol, fez natação, apreendeu a jogar xadrez, tênis de mesa e ainda pratica atletismo (arremesso de peso, de disco e de dardo). Uma disposição que é para poucos, mas com um diferencial que chama a atenção de muita gente: ele tem má formação congênita de membros inferiores e utiliza, como meio de locomoção, o skate.

Os apelidos de infância - robô, perna de pau - ficaram para trás e fazem Catalini rir ao lembrar-se que, quando criança, só ia a certos lugares no colo da mãe, da avó, ou de quem pudesse carregá-lo. Seu primeiro grande sonho seria conseguir próteses para as duas pernas. "Era tanto preconceito que alguns pais não deixavam seus filhos brincarem comigo. Na época me feria. Hoje encaro com naturalidade".

Enquanto era elaborada esta reportagem, ele ligou para a Gazeta dizendo que um empresário de Piracicaba - que prefere ficar no anonimato - o procurou dizendo que vai comprar as próteses, que custam R$ 40 mil, e que vai arcar com todas as despesas que ele teria para ir experimentá-las até que o ajuste esteja perfeito.

"Estou numa alegria tão grande que tenho vontade de sair gritando. Deus ouviu meu clamor e, enquanto eu pensava que estava apenas pedindo, Ele já havia preparado", disse ao telefone. Resta agora, segundo Catalini, o desejo de tirar Carteira Nacional de Habilitação e que é especial. "Custa R$ 1.600 e não tenho condições de pagar, mas não irei desistir. Um dia eu tiro a carta e depois tento comprar o carro", declara.

Com o skate, o rapaz toma ônibus, anda pelo bairro em que reside e vai à igreja. Ele casou-se no Civil. "Eu queria casar já com as próteses, mas o INSS havia prometido, esperei mais de dois anos, o casamento já estava marcado, quando disseram que haveria possibilidade de me dar as próteses", diz.

"Mas agora, que vou ganhá-las, finalmente, vou me casar na igreja que é meu sonho e de minha mulher", afirma.

DESEMPREGADO

Leandro Catalini, até o mês passado, trabalhava em um departamento da Prefeitura, contratado por empresa terceirizada, foi demitido porque faltou ao trabalho para disputar um campeonato com cadeira de rodas em Recife (PE). "Era minha grande chance de viajar de avião, porque sonhava com isso. Falei para minha encarregada que iria repor os horários, ficando sem hora de almoço, mas ela não quis saber", explica ele que era auxiliar administrativo.

GANHOS ATUAIS

Sem renda, sua esposa Ariele Francine, 17, que agora está vendendo planos de TV e internet, passou a fazer trufas que Catalini leva para vender na Rua do Porto. Com o isopor no colo ele se arrasta com o skate. Atrai muitos clientes, por esbanjar simpatia e manter o sorriso no rosto o tempo todo. "Comigo não tem tempo ruim. Sou feliz desde que nasci. Passei muitas dificuldades, mas não desisti".

Os sabores das trufas são diversos - beijinho, brigadeiro, morango, sensação, abacaxi com coco, limão, maracujá, doce de leite com coco, tradicional, nozes e cereja. Uma trufa custa R$ 3, duas são R$ 5 e cinco saem por R$ 10. Ariele conta com a ajuda voluntárias de vizinhas que a ajudam a embalar as guloseimas.

O casal tem uma filha de pouco mais de um ano - Akiza - que, segundo o pai, quer dizer "Rochedo".

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