EXTRADIÇÃO

Defesa pede para Itália não trocar Pizzolato por Battisti

Familiares de vítimas do terrorismo e autoridades italianas defendem "reciprocidade" entre os dois casos

Agência Estado
06/03/2015 às 18:11.
Atualizado em 24/04/2022 às 01:08

A defesa do ex-diretor de marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato faz um apelo ao governo italiano para que o país não use o condenado no caso do mensalão para conseguir a devolução do ex-ativista Cesare Battisti. Nessa quinta-feira, o advogado que defende Pizzolato na Itália, Alessandro Sivelli, enviou uma carta ao ministro da Justiça da Itália, Andrea Orlando, com esse argumento. Em uma carta de seis páginas, a defesa de Pizzolato rejeita qualquer relação com Battisti: "Fiquei sabendo pela imprensa que Henrique Pizzolato poderia ser extraditado para obter Cesare Battisti. Torço para que tais notícias sejam infundadas. Peço ao senhor para tomar sua decisão privilegiando a defesa e o respeito aos direitos fundamentais do indivíduo, direitos esses que o Estado brasileiro não garantiu ao longo do processo e que não é capaz de garantir aos próprios presos, ao invés de eventuais interesses internacionais e de imagem do seu governo", disse Sivelli.Caberá ao ministro da Justiça italiano a decisão se Pizzolato deve ou não ser extraditado ao Brasil. Em fevereiro, a Corte de Cassação de Roma deu o sinal verde para que ele seja enviado ao País, rejeitando os argumentos de Sivelli de que as prisões brasileiras representariam uma ameaça para sua integridade física.O caso, porém, ganhou uma nova dimensão depois que, no Brasil, a Justiça Federal decidiu que Battisti, condenado na Itália por assassinato, deveria ser deportado. Imediatamente, familiares de vítimas do terrorismo na Itália e integrantes do governo indicaram que deveria haver algum tipo de "reciprocidade" entre os dois casos.Andrea Orlando chegou a declarar que uma eventual deportação de Cesare Battisti pode abrir espaço para um novo pedido de extradição do ex-ativista. "Se o procedimento for confirmado, desejamos que ele permita dar origem a uma solicitação de extradição, coisa que já fizemos há tempos", afirmou.Durante a audiência diante da Corte de Cassação em Roma, foi Sivelli quem levantou o debate sobre Battisti. Diante dos juízes ele argumentou que a Itália não poderia extraditar Pizzolato porque o Brasil não dava sinais de "reciprocidade" no caso do ex-ativista.O tom na carta, porém, passou a ser bem diferente. O advogado insistiu que não seria adequado que o governo se utilizasse de uma eventual extradição de Pizzolato para obter uma vitória política, muito menos se isso ocorre em detrimento dos "direitos fundamentais de uma pessoa". A carta volta a insistir que Pizzolato é italiano e que, portanto, não poderia enfrentar a situação das prisões brasileiras. Defesa pede para Itália não usar Pizzolato para recuperar Battisti   Tamanho do texto? A A A A  

A defesa do ex-diretor de marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato faz um apelo ao governo italiano para que o país não use o condenado no caso do mensalão para conseguir a devolução do ex-ativista Cesare Battisti. Nessa quinta-feira, 5, o advogado que defende Pizzolato na Itália, Alessandro Sivelli, enviou uma carta ao ministro da Justiça da Itália, Andrea Orlando, com esse argumento. 

Em uma carta de seis páginas, a defesa de Pizzolato rejeita qualquer relação com Battisti: "Fiquei sabendo pela imprensa que Henrique Pizzolato poderia ser extraditado para obter Cesare Battisti. Torço para que tais notícias sejam infundadas. Peço ao senhor para tomar sua decisão privilegiando a defesa e o respeito aos direitos fundamentais do indivíduo, direitos esses que o Estado brasileiro não garantiu ao longo do processo e que não é capaz de garantir aos próprios presos, ao invés de eventuais interesses internacionais e de imagem do seu governo", disse Sivelli.

Caberá ao ministro da Justiça italiano a decisão se Pizzolato deve ou não ser extraditado ao Brasil. Em fevereiro, a Corte de Cassação de Roma deu o sinal verde para que ele seja enviado ao País, rejeitando os argumentos de Sivelli de que as prisões brasileiras representariam uma ameaça para sua integridade física.

O caso, porém, ganhou uma nova dimensão depois que, no Brasil, a Justiça Federal decidiu que Battisti, condenado na Itália por assassinato, deveria ser deportado. Imediatamente, familiares de vítimas do terrorismo na Itália e integrantes do governo indicaram que deveria haver algum tipo de "reciprocidade" entre os dois casos.

Andrea Orlando chegou a declarar que uma eventual deportação de Cesare Battisti pode abrir espaço para um novo pedido de extradição do ex-ativista. "Se o procedimento for confirmado, desejamos que ele permita dar origem a uma solicitação de extradição, coisa que já fizemos há tempos", afirmou.

Durante a audiência diante da Corte de Cassação em Roma, foi Sivelli quem levantou o debate sobre Battisti. Diante dos juízes ele argumentou que a Itália não poderia extraditar Pizzolato porque o Brasil não dava sinais de "reciprocidade" no caso do ex-ativista.

O tom na carta, porém, passou a ser bem diferente. O advogado insistiu que não seria adequado que o governo se utilizasse de uma eventual extradição de Pizzolato para obter uma vitória política, muito menos se isso ocorre em detrimento dos ""direitos fundamentais de uma pessoa". A carta volta a insistir que Pizzolato é italiano e que, portanto, não poderia enfrentar a situação das prisões brasileiras.

fonte: Estadão Conteudo  

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