Presidente fala sobre falta de recursos para sede social e funcionários não sabem o que pode acontecer
A sede social do Guarani, que reflete a falta de dinheiro do clube, funcionou normalmente nesta quinta-feira (25), mas o presidente bugrino Horley Senna admite fechá-la: apreensão dos funcionários (Camila Moreira/AAN)
As declarações do presidente Horley Senna na noite de quarta-feira (24) mexeram bastante com o clima do Guarani nesta quinta-feira (25). Ao Diário Lance — em seu portal na internet —, o dirigente disse, em um primeiro momento, que o clube fecharia as portas nesta sexta-feira (26), abdicando até mesmo de continuar disputando a Série C do Campeonato Brasileiro, o que, pelo regulamento geral de competições da CBF, acarretaria em punições pesadas para o Bugre. Depois de uma repercussão bastante negativa no País inteiro, Senna recuou e disse que apenas a sede social deixaria de funcionar, sendo que o futebol não seria atingido. As palavras do mandatário bugrino geraram incertezas no clube. Nesta quinta, a sede social funcionou normalmente, inclusive com aulas de natação e outras atividades. Se isso vai se repetir nesta sexta, nem os próprios funcionários e associados sabem. “A princípio, a sexta será um dia normal de trabalho, mas estamos aguardando o posicionamento da diretoria e o que vai ser decidido quanto ao futuro”, afirmou Ivan Pereira de Araújo Júnior, coordenador técnico da natação. Procurado pela reportagem para comentar se a ameaça de fechamento feita na quarta vai se concretizar nesta sexta, o presidente Horley Senna não foi encontrado. Mas ele conta com uma ajuda para tentar manter o clube em condições mínimas de funcionamento. O presidente da Magnum Roberto Graziano esteve na tarde desta quinta no Brinco de Ouro e obviamente não foi apenas para uma visita casual. Interessado no desfecho do imbróglio jurídico envolvendo a área, o empresário se comprometeu a auxiliar o clube, mas não em sua totalidade. De todas as contas básicas que estão vencidas e serviços prestes a serem cortados, a ideia é que apenas o pagamento da água seja realizado. Em um primeiro momento, a energia e o telefone serão cortados. O clube também busca desesperadamente recursos para abastecer o estoque de alimentos do refeitório. Segundo informações obtidas com pessoas que transitam no clube, a despensa está praticamente vazia e em poucos dias será impossível corresponder à demanda do refeitório. Em suma, pode ser que nesta sexta a sede social continue funcionando, mas a dificuldade em obter recursos pode fazer com que o departamento, que recebia multidões na década de 70 e 80 passe a, gradativamente, definitivamente deixar de existir e se tornar apenas um capítulo da história centenária do Guarani. NATAÇÃO O risco de encerramento das atividades do clube social do Guarani interfere pouco — ou quase nada — no futebol profissional, carro-chefe do Bugre desde sua fundação. Mas vai afetar outro esporte que também faz parte da história alviverde. Se hoje as piscinas instaladas no complexo do Brinco de Ouro já não recebem tanta gente como outrora — a maior delas, inclusive, encontra-se vazia por falta de recursos na manutenção — a decisão de acabar com o clube social vai mexer com a rotina de quem vive da natação. Entre professores, alunos e demais praticantes, cerca de 100 pessoas estão envolvidas no esporte. A espera é por uma solução que não atrapalhe o desenvolvimento das atividades no clube. “Ficamos assustados e tristes. Aqui temos meninos e meninas que representam o clube em Campeonatos Estaduais e Nacionais, sempre conquistando medalhas. O fechamento do clube significa também a perda de futuros campeões”, afirma Ivan Pereira de Araújo Júnior, coordenador técnico da natação. Uma das crias da natação do Guarani é, inclusive, esperança de medalha para o Brasil nos Jogos Pan-Americanos. Luiza Padovan Vieira, de 17 anos, representará o clube em Toronto, no Canadá.ESTATUTO Apesar da ideia da diretoria do Guarani de encerrar as atividades do clube social por conta da situação financeira complicada, tal decisão não é tão simples quanto parece, já que isso não cabe exclusivamente ao Conselho de Administração. Pelo fato deste assunto não estar previsto no Estatuto Social do clube, obrigatoriamente é necessário que haja uma análise por parte do Conselho Deliberativo, segundo o artigo 53. NOTAS Condepacc O Guarani conseguiu se livrar nesta quinta de um dos problemas que rondavam o clube nas últimas semanas. O pedido de tombamento do Estádio Brinco de Ouro foi recusado pelo Condepacc (Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Campinas) e a área não corre mais risco de se tornar um patrimônio histórico do município, podendo ser negociada futuramente. Preparação O Guarani encerra na manhã desta sexta a preparação para o duelo contra o Tombense. O grupo fará um trabalho leve sob o comando do técnico Paulo Roberto Santos. A expectativa é de que o time para o jogo tenha Rafael Santos; Oziel, Thiago Carpini, Gladstone e Bruno Pacheco; Serginho, Lenon, Serginho Catarinense e Fumagalli; Clementino e Anderson Cavalo. Mudança O Bugre terá que realizar duas partidas consectuivas às 11h. Além do jogo de sábado (27) contra o Tombense, a CBF divulgou nesta quinta a mudança no confronto contra o Madureira, na semana que vem, no Brinco. O jogo, que aconteceria no sábado (4), às 16h, foi transferido para domingo (5) pela manhã a pedido de uma das emissoras que transmitem a Série C.