Coluna publicada na edição de 1º/8/19 do Correio Popular
Nos últimos dias de férias já comecei a pensar em como seriam as primeiras colunas e tinha planejado recomeçar escrevendo sobre a crítica situação do Guarani na Série B. A campanha da Ponte Preta, bem mais confortável, seria tema de amanhã. A situação não mudou (o Bugre segue no Z4 e a Macaca mira o acesso), mas em poucos dias o ambiente de extrema confiança que tomava conta do Majestoso se transformou em uma crise que por pouco não provocou mudanças na comissão técnica. Achei positiva para o clube a permanência de Jorginho. É muito difícil digerir derrotas seguidas para adversários mal posicionados na tabela, mas o trabalho do treinador deve ser avaliado pelo todo. Até os 10’ do 2º tempo do jogo contra o Bragantino — realizado há poucos dias —, a Ponte estava na liderança, empurrada por uma eufórica torcida que foi em bom número a Bragança Paulista. A partir do 11º minuto, quando Ytalo empatou, tudo começou a mudar. Morato virou e sacramentou aquela que seria a primeira de três derrotas seguidas. Se olharmos apenas para esses números, chegaremos à conclusão de que a Ponte precisa trocar de técnico imediatamente. Mas não é assim que se gerencia um clube. Antes de mais nada, é preciso levar em consideração as condições das derrotas. A arbitragem em Bragança foi polêmica e Roger reclamou muito de um pênalti no último minuto. Em Salvador, o time começou bem, pressionou, fez 1 a 0 e depois sofreu dois gols de longa distância. Não foram frangos, mas Ivan raramente sofre gols semelhantes. Contra o América, o time foi mediano no 1º tempo e sofrível no 2º. Jorginho mexeu mal e dois atletas foram expulsos. Mesmo com tudo isso, o time só sofreu o gol no final. Nada disso apaga a sequência de três derrotas. Mas é preciso lembrar que a Ponte de Jorginho ficou invicta por nove rodadas. Nenhum outro time ficou tanto tempo sem perder, o que é muito difícil em um campeonato tão equilibrado como a Série B. Jorginho não trabalha em condições ideais. Durante um período o elenco conviveu com salários atrasados e vários atletas deixaram o elenco. Depois, Abner foi para o Atlético-PR de surpresa. No futebol brasileiro nada disso serve como desculpa. Faz parte da realidade de muitos clubes e poucos dirigentes levam fatores como esses em consideração na hora de avaliar o trabalho de um técnico. Mas é um outro fator que me leva a concordar com a permanência de Jorginho. A Ponte está a apenas três pontos da zona de acesso. Períodos de turbulência como esse vão atrapalhar outros clubes também porque o nível técnico dos 20 participantes é muito semelhante. A Ponte sofreu um golpe duro, mas está na luta.