Teve enorme repercussão a entrevista que o presidente do Guarani, Horley Senna, concedeu ao Lance na quarta-feira. Na primeira conversa com o repórter, Horley disse que o Guarani poderia fechar as portas nesta sexta-feira. O assunto, claro, bombou nas redes sociais porque, embora esteja em uma situação crítica, o clube tem uma história marcante no futebol brasileiro. Minutos depois, o Lance publicou em seu site outra matéria, dizendo que o dirigente recuou e que apenas o clube social corre o risco de ser fechado, por falta de recursos. O Correio não publicou nada sobre o assunto na edição desta quinta-feira porque, evidentemente, o time não corre nenhum risco de interromper suas atividades nesta sexta. Afinal, os jogadores passaram oito dias em uma intertemporada em Sorocaba, reforços foram inscritos na CBF e o time já está em Minas Gerais para o jogo contra o Tombense. A declaração de Horley teve como objetivo pressionar os órgãos que vão decidir se o patrimônio do clube será da Maxion ou da Magnum. O que o Guarani deseja, com urgência, é que a proposta da Magnum seja aceita pela Justiça. Isso seria ótimo para os credores e funcionários e razoável para o clube, que ao menos passará a receber R$ 350 mil por mês durante nove anos e meio. Se o negócio for com a Maxion, será razoável para os credores e desastroso para clube e funcionários. Ao falar em fechar as portas, Horley tenta mostrar à Justiça como é importante que o acordo com a Magnum seja fechado logo. O Guarani convive com essa situação crítica há muitos anos, desde que adotou como hábito não pagar salários a atletas e funcionários. Como, de forma totalmente irresponsável, não se deu nem ao trabalho de se defender nos julgamentos, a dívida chegou a valores alarmantes. O Ministério Público do Trabalho, que interviu diretamente no caso agora pedindo o afastamento da juíza Ana Cláudia Vianna, deveria ter se envolvido com o Guarani há muito mais tempo e não agora, às vésperas de uma solução para o assunto. O Guarani está em uma situação crítica, quase insustentável porque ignora leis trabalhistas há 15 anos. Em todo esse período, nenhuma autoridade se preocupou com funcionários que trabalharam sem receber e com dirigentes que lesaram o clube. Quando tudo estava errado, ninguém se mexeu. Agora que surgiu uma solução para parte dos problemas, todos os olhos se voltam para o Brinco. Acredito que Horley não vai conseguir pressionar ninguém falando em fechar as portas nesta sexta. Mas escrevo, e faz um bom tempo, que o Guarani corre sim o risco de deixar de existir. O momento atual é apenas mais um sinal disso.