JULIANNE CERASOLI

De novo, Ferrari?

Julianne Cerasoli
17/07/2015 às 20:39.
Atualizado em 28/04/2022 às 17:00

Era março, Sebastian Vettel vencia de forma surpreendente o GP da Malásia, levando a Ferrari ao lugar mais alto do pódio pela primeira vez em 18 meses. Enquanto isso, Fernando Alonso sofria com um conjunto lento e pouco confiável da McLaren. E o questionamento era inevitável: teria o espanhol e seu jeito egocêntrico de trabalhar sugado as chances do time nos últimos anos? Com metade do campeonato disputado, dá para ver mais claramente que não era o caso. Chega a ser impressionante a incapacidade da Ferrari desenvolver de forma consistente seu carro, mesmo depois de diversas mudanças no comando técnico e até de uma reforma que fechou o túnel do vento por meses para resolver de uma vez por todas os problemas de correlação entre os dados de simulação e os resultados de pista. Contudo, o que estamos vendo é que, mais uma vez, o time não consegue utilizar todas as peças novas que desenvolve. Isso começou a aparecer no GP da Espanha, quando a Ferrari apresentou com grande alarde um pacote aerodinâmico totalmente novo. De lá para cá, a frase mais comum para justificar resultados aquém do esperado entre os homens de Maranello é “não conseguimos ter um final de semana limpo para maximizar nosso potencial”. E assim se passaram quatro GPs. Curiosamente, os tais finais de semana limpos costumavam ser o grande trunfo da Scuderia nos tempos de Alonso — não que isso dependesse diretamente do piloto, mas sim do grupo que geria o time naquela época. O carro iniciava bem a temporada, o ritmo de desenvolvimento não acompanhava os rivais e essa deficiência era compensada em parte por uma execução precisa para maximizar os resultados. Em 2015, não vem sendo assim. Tanto que a Williams deu um banho de eficiência nas últimas três corridas (bobeada + chuva à parte em Silverstone, claro). O time de Grove parece bem mais seguro em relação a seus procedimentos — e isso engloba a maneira como estuda o acerto do carro, como avalia o ritmo e traça a estratégia — e acertou a mão no pacote que levou à Áustria. O GP da Hungria servirá como um termômetro importante que pode desencadear mudanças em Maranello. Pelas características do travado circuito de Budapeste, o normal é que, mesmo com a evolução demonstrada nas últimas provas, a Williams não seja páreo para a Ferrari. A imprensa local coloca em xeque o trabalho do diretor técnico James Allison, que assumiu o cargo ano passado. E uma eventual derrota seria mais que o suficiente para demonstrar que o time trilhou o caminho errado. Mais uma vez.

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