MOACYR CASTRO

De carona na Posse

20/10/2013 às 05:00.
Atualizado em 26/04/2022 às 05:34

Não é uma “baita” cidade, mas o craque Neto nasceu ali. Nem colônia grega, mas o ilustre filósofo e pedagogo da Unicamp Dermeval Saviani também é de lá. O grande jornalista Adilson Mion, de apelido ‘Grego’, nasceu na Posse, a Santo Antônio de Posse, aí ao lado. Sua carreira começou aqui no nosso “Correio Popular”, anos 50s, quando era assíduo ouvinte da “Hora do Trabalhador – uma hora de alegria para quem sua todo dia”, com Lombardi Neto e Wladimir Matiazzo, na PRC-9, das sete às oito da amanhã. “Patrocínio da Casa de Carnes Princesa d’Oeste”, ele ainda se lembra. Grego começava a suar cedinho, no trem da Mojiana, rumo a Campinas.Depois, nos encontramos na mesma trincheira: a redação d’O Estadão. Alguns assuntos entre o programa que levantava campineiros e adjacentes e o trem, o desabafo dele:-- Você sabia que hoje, a tal dessa Fepasa acabou com tudo e a ‘estação’ é uma árvore?-- Há uns anos fui lá porque a cidade ficou muda. O serviço telefônico era uma mesa despedaçada cheia de fios, operada desde 1908 na sala da casa de d. Elvira Campos. Assim saiu n’O Estadão: “Uma cidade regride ao silêncio”.Quem estava fora não falava; quem estava dentro também não. Só indo a Campinas, Mogi Mirim, Amparo ou Jaguariúna. Era 1973.Dia desses, a repórter Inaê Miranda, gente boa toda vida, esteve lá. Veja como tudo ‘evoluiu’, pelo relato dela mesma: “Realizar pequenas tarefas no Centro de Santo Antônio de Posse, como ir ao banco ou à casa lotérica, custa muitas calorias e boas caminhadas para quem não tem veículo motorizado. Os 22 mil moradores não contam com ônibus urbanos e pensam muito antes de sair de casa e cortar a cidade a pé. Alternativas à caminhada são a carona solidária, as bicicletas ou a frota de... dois táxis. A Prefeitura diz que bancar o serviço sai caro.”.Para surpresa do Adilson, a Dilma mandou para Posse uma médica cubana. Essa “cumpanhêra da presidenta” já chegou. Silvia Maria Cobas Blanco, de 44 anos, já se sente em casa e conquistou toda a gente do lugar. Gosta de tudo o que vê, até da casa mobiliada que a Prefeitura alugou para ela (paga aluguel e mobília, com fogão, TV e geladeira para os outros médicos da cidade, também?). Ganhou flores, recepção da Câmara, Bíblia em espanhol e agradece a Deus, conta o repórter Bruno Bacchetti. Adilson pensou que sua cidade tivesse médicos sobrando.Diz que ‘nos tempos’ dele, circulava só um ônibus -- quando o trem chegava à estação. Quem vinha das fazendas usava cabriolé, uns dez lugares, roda de ferro e puxado por cavalos Quanto à falta de ônibus, ele faz as contas: “Com 22 mil habitantes, numa frota de 11.600 veículos, cabe todo mundo, uai!”.Pregado no Poste: “No Brasil, cubanos podem acreditar em Deus!”

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Correio Popular© Copyright 2025Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por