A baderna que poderia ser causada no Palácio Guanabara, sede do governo do Estado do Rio de Janeiro, motivou a proibição da entrada de populares na sessão popular (!) da comissão de licitação do Maracanã, nesta quinta-feira, conforme previsto no modelo de licitação.
Depois de muita confusão, atraso e finalmente com a presença de algumas pessoas, o governo fluminense anunciou os dois consórcios que disputarão o comando do Complexo do Maracanã, reformado, claro, com o nosso dinheiro: “Consórcio Maracanã SA”, formado por IMX, de Eike Batista, Odebrecht e a norte-americana AEG, e “Consórcio Complexo Esportivo e Cultural do Rio”, integrado por OAS, a holandesa Stadion Amsterdam e a francesa Lagardère.
O que isso significa? Que mais uma vez daremos de bandeja um patrimônio público a empresas privadas, que lucrarão às nossas custas. Ainda por cima podem ser empresas privadas de outros países.
Já foi divulgado que a concessão do Maracanã terá um custo de R$ 111 milhões ao Estado do Rio de Janeiro e um lucro de R$ 1,4 bilhão à empresa que assumir o espaço. É justo? Ou seria incompetência das autoridades em administrar bens públicos? Se é incompetência, o que esses políticos estão fazendo lá?
O pior é que o Maracanã não é o único. Todos os estádios estão sendo construídos com dinheiro público, para depois serem concedidos à iniciativa privada. Desse jeito, compensa mais ser empresário e ficar esperando na boa uma construção do que botar a mão na massa (e no dinheiro) para levantar algum estádio. Tudo com direito a tirar os índios do Museu e acabar com a memória deles para montar estacionamento para o estádio — e ganhar dinheiro com isso.
Por falar nos outros estádios, a Arena Fonte Nova, que já tem o naming rights (direito ao nome) concedido à cervejaria Itaipava, foi inaugurado com muita festa em Salvador. Só não dava para pular e comemorar direito, já que entre uma cadeira e outra, em determinados setores do estádio, não cabia um palmo, quanto mais as pernas e os pés dos torcedores. Estariam os responsáveis embriagados na hora de fazer o projeto ou de tirá-lo do papel?
Até agora, de todos os estádios inaugurados, todos têm defeitos estruturais. Por quê?