O uso da máquina de escrever era corriqueiro e imprescindível nos escritórios e nos postos de trabalho
As pessoas que têm mais de trinta anos certamente se lembram com saudades do barulho emitido pela já extinta máquina de escrever. O ruído ritmado das teclas pressionadas, o som do sininho que anunciava o término da linha e o som do carro de retorno que voltava ao seu início produziam uma musicalidade muito característica. Houve inclusive compositores engenhosos que criaram obras musicais inspirados por esta sonoridade datilográfica, mesclando seus timbres aos instrumentos da orquestra. O uso da máquina de escrever era corriqueiro e imprescindível nos escritórios e nos postos de trabalho. Por isso, as pessoas costumavam frequentar cursos de datilografia e os faziam constar em seus currículos. O surgimento dos computadores e dos dispositivos mais modernos voltados à digitação e à edição de textos fez com que a máquina de datilografia em tinta fosse aposentada, tendo se tornado uma peça de antiguidade. Curiosamente, o mesmo não aconteceu com a máquina de datilografia braille, que ainda hoje continua presente e indispensável na vida das pessoas cegas. Este equipamento utilizado para a escrita de textos em braile tem uma estrutura um pouco diferente da máquina de datilografia em tinta. Enquanto nesta última cada tecla corresponde a uma letra e elas se dispõem no padrão conhecido como QWERT, na máquina braille há seis teclas equivalentes aos seis pontos deste sistema. Assim, ao invés de apertarmos apenas uma tecla por vez, podemos combiná-las e pressioná-las simultaneamente, conforme o número de pontos contidos em cada letra. Mas por que, ao contrário do dispositivo para escrita em tinta, a máquina braille ainda não se aposentou? É fato que hoje em dia podemos contar com novas tecnologias de leitura e escrita. Podemos, por exemplo, digitar um documento e imprimi-lo em braille com o uso de uma impressora especializada. É também possível lermos as informações da tela do computador diretamente em um equipamento chamado Linha Braille. Mas quando queremos realizar nossas anotações pessoais em uma folha de papel, ou quando queremos escrever pequenos textos, utilizamos nossa tão conhecida máquina de escrever! Digitar nela é muito mais prático e rápido do que escrever em uma reglete, recurso de escrita braile que por sua vez consiste em uma régua na qual perfuramos, com o auxílio de uma punção, cada letra ponto por ponto. A máquina braille possibilita-nos percorrer o texto com a ponta dos dedos à medida que o escrevemos, o que não se pode fazer na reglete,, cuja utilização pressupõe virar o papel para lermos o conteúdo produzido. Então, apesar do aparecimento de novas tecnologias, não abrimos mão deste velho recurso! A máquina braille tem sido minha fiel companheira durante muitos e muitos anos, desde o início da minha vida escolar até os dias de hoje! Com o uso dela, realizei todas as anotações de aulas, ao longo da minha formação nos níveis Fundamental e Médio. Graças à sua existência, eu tive acesso a dezenas de livros didáticos que foram datilografados por profissionais voluntários e por meus familiares. Tenho pela máquina braille um carinho muito especial e acredito que ela não se aposentará tão cedo!