Humorista está no elenco da comédia que estreia nesta quinta-feira (25) em todo o País
Antonio Tabet, Danton Mello, Dani Calabresa e Thogun Teixeira em cena de 'Superpai', de Pedro Amorim: estreia nacional ocorre hoje ( Divulgação)
Dani Calabresa é um desperdício em 'Superpai' (Brasil, 2015), de Pedro Amorim. Em meia hora da coletiva de lançamento, na terça-feira (24), em São Paulo, ela fez os jornalistas rirem mais que o filme inteiro e deu o tom das entrevistas. Disse que era o Selton que fazia o Danton Mello (o protagonista) — “É que ele é bom ator”. Que tinha acabado de ver o filme, mas não entendeu umas partes, assistiu na versão dublada e “achou bom”. Afora intervenções impublicáveis, contou (sempre no registro do humor) que se negou a fazer o filme quando leu o roteiro, mas aceitou porque teve o cachê dobrado. Ao falar da parceria com Danton, fingiu-se emocionada. “Amo o Danton.” E emendou: “Vou chorar; quero uma selfie”. Desbocada Um pouco mais séria, disse ter curtido fazer comédia desbocada, ela que está acostumada com o stand up, mas que houve espaço para o improviso, especialmente com o parceiro mais frequente de cena, Antonio Tabet. Por fim, armou disputa de egos com a colega Mônica Iozzi, que pareceu mais séria do que se supõe. Ou melhor, era brincadeira séria em forma de pingue-pongue. “Vocês viram, saí do 'CQC' (programa da 'Band') quando ela entrou”, disse Mônica. “Só tem cachê pra uma”, foi a resposta. “Minha adolescência foi normal; bizarra foi da Dani.” O troco: “Seu caminhão está lá fora esperando; a Sula Miranda (rainha dos caminhoneiros) ligou”. Homenagem Menos humorista, porém mordaz, respondeu a uma pergunta sobre se há, ainda, preconceito em relação a sexo no Brasil. “Eu ia dizer não, mas acabaram de perguntar se filmamos cenas picantes na frente das crianças. Claro que há, apesar de no Carnaval todo mundo sair pelado; o País se considera moderno, mas é contra topless e outras coisas.” Danton Mello ficou entusiasmado antes de ler o roteiro e achou que seria chance de homenagear as filhas. Quando leu, pediu ao diretor Pedro Amorim aliviar e deixá-lo mais família. Segundo o diretor, o roteiro americano comprado pela Universal Pictures foi adaptado e devidamente amenizado. De acordo com o ator, virou história de amor entre pai e filho. E ter filmado as tais cenas picantes perto das crianças não teve nenhum problema. “Fui criado com Daniel Filho e Paulo Ubiratan e eu estou aqui na boa. E filmava a madrugada inteira, diferentemente de hoje. E quando me perguntam se perdi alguma coisa por ter começado tão cedo, digo que não; me deu senso de responsabilidade, amadureci mais cedo, só não perdi a timidez, é uma dificuldade estar falando aqui.” Novo papel Amorim ressalta o fato de ter quebrado o estereótipo ao escalar Thogun Teixeira para o elenco, pois é o mais rico da turma, “coxinha” e que não faz o papel de negro. “Finalmente, parei de matar gente no cinema nacional”, brincou Thogum sobre seu personagem gay. O produtor João Queiroz reconhece que o título engana e que isso foi discutido. Tanto que o slogan ficou “um filme nada família”, a classificação é de 14 anos e as crianças foram tiradas do cartaz. Amorim faz paralelo com 'Ted' (Seth Macfarlane, 2012). “O original era muito pesado e nós humanizamos um pouco o personagem do pai”, completa Queiroz. Pontos falhos Falando do personagem e, por extensão de 'Superpa', o ator Thogun Teixeira sintetizou a essência da comédia: “Tempo de piada e velocidade no raciocínio”. Dani Calabresa, que não perde um tempo e não deixa o interlocutor respirar, está engessada no filme, ainda que tenha improvisado. Talvez seja problema de edição, de direção de atores ou de encenação. Ou tudo isso junto. O fato é que o humor de 'Superpai' não funciona. Temos a impressão de que só está ensaiado, mas faltou o tal tempo de piada e a velocidade no raciocínio.Salva-se o elenco, em especial Danton Mello, que leva a sério o trabalho que faz. Isto está evidente na dedicação ao personagem, em que pese o texto ruim (roteiro adaptado do diretor com Ricardo Tiezzi) e as situações forçadas e os lugares-comuns. Ele se exercita na comédia sem ser comediante, chora, se estropia, se entrega; acredita-se no que ele está fazendo. Não faz rir O ótimo Fabio Porchat escreveu artigo recente num jornal de São Paulo condenando a crítica, dizendo que os jornalistas assistem às comédias contaminados por problemas pessoais que levam para as sessões que lhes são feitas com exclusividade. Não só, mas deve existir esse fator, sim, somado ao fato de o crítico assistir ao filme como trabalho. Nessas condições é mesmo muito difícil fazer rir. Mas porque será que a coletiva de 'Superpai' foi muito mais divertida que a sessão do filme? Talvez não seja mau humor dos críticos, mas falta de autocrítica de quem faz comédias no Brasil.