POLÍTICA

Cunha anuncia rompimento político e que levar o PMDB junto

O presidente da Câmara disse que vai tentar no Congresso do PMDB, em setembro, convencer a legenda a seguir o mesmo caminho.

Agência Brasil
17/07/2015 às 12:02.
Atualizado em 28/04/2022 às 16:58
Eduardo Cunha está pronto para instalar comissão especial sobre a PEC ( Cedoc/ RAC)

Eduardo Cunha está pronto para instalar comissão especial sobre a PEC ( Cedoc/ RAC)

A poucas horas de fazer um pronunciamento em cadeia nacional de TV, previsto para as 20h30 desta sexta-feira (17), o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), anunciou rompimento com o governo e disse que, como político, vai tentar no Congresso do PMDB, em setembro, convencer a legenda a seguir o mesmo caminho. Cunha disse que, apesar da decisão, vai manter a condução da Câmara dos Deputados "com independência".A decisão foi motivada pela acusação de que o peemedebista teria recebido US$ 5 milhões em propina para viabilizar um contrato de navios-sonda da Petrobras para a empresa Toyo Setal, segundo denúncia feita pelo empresário Júlio Camargo em depoimento nesta quinta-feira (16) ao juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba. Alvo Cunha reafirmou que há uma tentativa por parte do governo de fragilizá-lo. "Está muito claro para mim que esta operação [Lava Jato] é uma orquestração do governo", disse. Ele lembrou que, desde junho, o Executivo iniciou uma 'devassa fiscal' contra ele e incluiu seu nome na delegacia de maiores contribuintes do país. "Esse tipo de devassa, de cinco anos é um constrangimento para um chefe de Poder".O parlamentar disse que a delação de Camargo é “nula” por ter sido feita à Justiça de primeira instância e lembrou que, como parlamentar, tem foro privilegiado e só pode ser julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Cunha disse que seus advogados vão pedir a transferência do processo de investigação para o STF. "O juiz não poderia conduzir o processo daquela maneira. Vamos entrar com uma reclamação para que venha [o processo] para o Supremo e não fique nas mãos de um juiz que acha que é dono do país". Nega Nesta quinta, o presidente da Casa disse que está tranquilo e não teme acusações. Ele já havia negado seu envolvimento no esquema investigado pela Operação Lava Jato e acusou o Planalto de articular contra o Congresso Nacional, diante das mobilizações em torno de um processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff. Segundo ele, Camargo foi “obrigado” a mentir sob orientação do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e deve perder o direito à delação porque está dando uma versão diferente do que havia dado anteriormente. Motivação política O peemedebista lembrou que, desde a divulgação da lista de Janot com nomes de políticos suspeitos de participar de irregularidades na Petrobras, tem “estranhado” o envolvimento de seu nome e voltou a afirmar que há uma clara motivação política encabeçada pelo governo para fragilizá-lo.Em nota, a Procuradoria-Geral da República (PGR) esclareceu que o depoimento não tem relação com as investigações do STF e que "a PGR não tem qualquer ingerência sobre a pauta de audiências do Poder Judiciário, tampouco sobre o teor dos depoimentos prestados perante o juiz". Pedido de afastamento O vice-líder do governo na Câmara, Sílvio Costa (PSC-PE), disse nesta sexta que pedirá o afastamento temporário de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) do cargo de presidente da Câmara. Segundo ele, Cunha não tem condições morais de continuar no comando da Casa. Costa explicou que, no caso, vai atuar como parlamentar e não como vice-líder do governo. O afastamento será enquanto durarem as investigações da Operação Lava Jato, em que Cunha teve o nome envolvido. “Do ponto de vista legal, Cunha tem a seu favor a presunção da inocência, mas do moral, perdeu as condições de ocupar a presidência.”Em uma avaliação preliminar sobre as declarações de Cunha, o líder do governo, Delcídio do Amaral (PT-MS), disse que a opinião do presidente da Câmara não pode ser confundida com a do PMDB. "Pelo o que eu senti é uma decisão pessoal que a gente precisa respeitar.Uma coisa é ele ter tomado uma decisão pessoal outra coisa é um posicionamento do PMDB, que é algo muito maior. O PMDB tem muitos líderes tanto na Câmara como no Senado e tem o vice-presidente da República [ Michel Temer], que é o grande líder do PMDB, além de ser o presidente do partido também", disse.

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