CARLO CARCANI

Cuidado com a 'solução óbvia'

Carlo Carcani
03/08/2015 às 22:42.
Atualizado em 28/04/2022 às 18:07

Com apenas uma vitória nas últimas 11 rodadas, a Ponte Preta vive um momento difícil no Brasileirão. Muitos atribuem a queda de produção à saída de Renato Cajá, artilheiro do time com cinco gols. É evidente que um meia capaz de fazer tudo o que ele fez no início da competição faz falta a qualquer time do Brasil. Mas é preciso destacar que a Ponte não parou de render bem após a despedida de Cajá, na 13ª rodada. O time caiu de produção bem antes. Nas últimas quatro rodadas com Cajá (ele esteve em campo em três delas), a equipe somou apenas um ponto e não marcou nenhum gol. O problema, portanto, não foi só a transferência do camisa 10. O problema é a vertiginosa queda de rendimento depois da 7ª rodada. Nos sete primeiros jogos, o aproveitamento da Ponte foi de 61,9%. É número suficiente para frequentar o G4, já que o Sport, por exemplo, está em quarto lugar, com aproveitamento de 60,4%. Nos nove jogos seguintes, a Ponte conquistou apenas 22,2% dos pontos disputados e é aqui que mora o problema. É um número inferior ao aproveitamento do lanterna Coritiba (25%). Não fosse a largada excepcional e hoje o clube estaria dentro ou muito próximo da zona de rebaixamento. A diretoria do clube se reuniu, nesta segunda-feira, ainda digerindo a derrota por 3 a 1 para o Figueirense, adversário que já frequentou o Z4 e agora aparece à frente da Macaca na classificação. O temor de que isso possa acontecer com outros clubes deve ter sido decisivo para a demissão de Guto Ferreira. Reconheço que, para um time que não vence há sete rodadas, a solução quase que óbvia é trocar o treinador. É o que todo mundo faz, embora nem sempre isso traga resultados. É evidente que Guto Ferreira tem sua parcela de responsabilidade pelo momento do time, mas, ainda assim, acho que a Ponte Preta deveria ter levado outros fatores em consideração. Qualquer time está sujeito a momentos ruins em um campeonato tão equilibrado como o Brasileiro. Dentro do orçamento da Ponte, qual outro técnico — igual ou melhor do que Guto — pode ser contratado? Gilson Kleina é uma boa opção, mas o time dele está em 16º lugar e ganhou uma vez nas últimas cinco rodadas. Guto está em 13º. Doriva, demitido pelo Vasco, tem capacidade de devolver a competitividade perdida pela Macaca? Pode ser que sim, pode ser que não. Guto Ferreira já fez ótimos trabalhos no Majestoso e a diretoria sabe do que ele é capaz. Muitas vezes, a “solução óbvia” não resolve coisa alguma.

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