Flor amarela com listras vermelhas atrai líbelulas, predadoras naturais do Aedes aegypti
Seo José e a mulher Luzia Aparecida Ferracioli na lavoura de crotalária (Hugo Leonardo)
Algumas cidades do Interior de São Paulo estão utilizando uma receita caseira, mas que tem se mostrado eficiente no combate à dengue: o plantio de crotalaria. A planta, cuja flor é amarela, às vezes com listras vermelhas, tem o poder de atrair libélulas, predadoras naturais do mosquito Aedes aegypti, transmissor do vírus da dengue.
Quando descobriu que a crotalária (uma leguminosa muito utilizada na recuperação do solo, pelo poder de fixação do nitrogênio) tem papel importante no combate ao mosquito da dengue, José Marcelino Cafeo resolveu investir na cultura. O sítio do produtor rural de Andradina, na região de Araçatuba, já é destaque na produção de Crotalária.
Ao todo são 12 hectares de área plantada. Seo José estima que a colheita deverá girar em torno de 6 mil toneladas de semente da planta. E a produção já tem destino certo. “Boa parte das sementes será destinada a uma empresa de grãos. A outra, será distribuída para o Departamento Municipal de Saúde para ser repassada à população de Andradina”, falou o produtor de crotalária.
Rica em nutrientes como nitrogênio, a crotalária é utilizada no manejo da terra como forração e adubação verde. Mas, nos últimos anos, a leguminosa ganhou uma nova função ecológica: erradicar o Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue. Por meio de sua flor colorida, a planta atrai as libélulas, predadoras naturais do mosquito.
De acordo com pesquisas, ainda sem comprovação científica, o cultivo de crotalária em quintais, jardins, terrenos baldios e até mesmo nas margens de rios, atraem libélulas. Essas, por sua vez, põem seus ovos em água parada e limpa, da mesma maneira que o Aedes aegypti. Os ovos nascem, tornam-se larvas e essas larvas se alimentam de outras larvas, inclusive a do mosquito transmissor da dengue.
O Interior de São Paulo está na vanguarda no projeto de utilizar a leguminosa no combate à dengue. Municípios como São José do Rio Preto, Monte Aprazível e Penápolis já distribuem sementes da planta à população.