Criticada por vizinhos, Ribeirão vive a 2ª edição do 'Se Vira'

Enquanto 26 cidades do interior e litoral do Estado recebem artistas nacionais e internacionais de peso na Virada Cultural Paulista neste fim de semana, Ribeirão Preto vai, pelo segundo ano seguido, ter de se contentar com o Se Vira, espécie de “virada alternativa” apenas com atrações locais.

Ao anunciar a desistência de Ribeirão em participar da virada estadual, há cerca de dois meses, o secretário de Cultura, Alessandro Maraca, disse que o evento não apresenta um projeto cultural de “longo prazo” para a cidade, não prioriza artistas locais e representa gastos elevados para o Município – na Virada Paulista, o Estado paga pelas atrações, e as prefeituras das cidades participantes devem bancar a estrutura e a segurança do evento.

Nesta semana, o secretário não foi localizado (em quatro tentativas) para falar com a reportagem.

Os argumentos, no entanto, são refutados por secretários de cidades da região que participam da Virada Paulista. “O dinheiro que eu gasto na Virada daria para pagar uns dois shows sertanejos. Em vez disso, terei 24 horas de uma programação cultural variada”, disse Ney Vilela, coordenador de Cultura de São Carlos.

Ele afirmou que ainda não é possível estimar os gastos da Prefeitura com o evento, mas acredita que, a cada real investido pelo Estado, terá de oferecer R$ 0,30 como contrapartida. A cidade receberá shows das Garotas Suecas, dos norte-americanos do The Platters e de Lobão, entre outras atrações.

Vilela também refuta a suposta falta de valorização dos artistas locais. “Há espaço na virada para nossos artistas. Além disso, o Estado tem outros projetos, como o Mapa Cultural Paulista, que leva nossos artistas para apresentações em outras cidades”, afirmou.

O mesmo pensa Karla Armani, secretária de Cultura de Barretos. Segundo ela, o investimento da Prefeitura na Virada será de R$ 71 mil. “É pouco mesmo para uma área que não costuma ter muito espaço no orçamento”, disse.

Para ela, a participação na Virada Paulista cria um sentimento de “inclusão” para a população de Barretos em um grande evento. “Ficar fora é ruim. As pessoas também gostam de grandes eventos, grandes artistas, e além disso a Virada traz uma programação bastante diversificada.” Barretos terá shows do português Antonio Zambujo, do rapper Criolo e dos roqueiros do Titãs entre os principais destaques.

Renato Haddad, secretário de Cultura de Araraquara, segue pela mesma linha. “A Virada é a chance da nossa população assistir artistas que raramente viriam para cá, e de graça”, afirmou.

SE VIRA

O Se Vira começa neste sábado (25), às 9h, com um passeio ciclístico do Curupira até o Mercadão, no Centro, onde será dada a largada oficial para o evento. Até domingo, às 22h, serão 36 horas de atrações variadas em quatro pontos principais da cidade – Mercadão, Parque Maurílio Biagi, Cauim e o “Complexo Baixada” (entre as ruas Visconde do Rio Branco e José Bonifácio).

As atividades incluem shows, apresentações de teatro, dança, cinema, fotografia, gastronomia, pintura e ações lúdicas para crianças e adultos. “O formato da Virada Paulista é muito de cima para baixo. O Estado escolhe a programação e deixa artistas locais de lado”, disse Renato Vital, que participa da organização do Se Vira.

Segundo ele, não é intenção do movimento “rivalizar” com a Virada Paulista, mas mostrar que os artistas, a maioria independentes, de Ribeirão também têm o seu valor. “A organização é da base, a curadoria é aberta. A nossa ideia também é ir além das apresentações, com os debates e eventos paralelos”, disse.

Segundo ele, no ano passado a primeira edição do Se Vira atraiu cerca de 10 mil pessoas, e a expectativa para este ano é de 15 mil participantes.

A programação completa do Se Vira pode ser vista no Facebook ou no site oficial do evento.