Coluna publicada na edição de 27/1/19 do Correio Popular
O Santos iniciou a temporada com uma curiosa mistura de euforia e apreensão. O entusiasmo foi gerado pela contratação de Sampaoli. Campeão da Copa América de 2015 pelo Chile e comandante da Argentina na Copa do Mundo, o treinador foi recebido com status de estrela. A apreensão aumentou nas semanas seguintes. Afinal, a expectativa era de que, após um investimento ousado na contratação de um treinador estrangeiro, a diretoria trabalhasse também para dar a ele um elenco forte. Mas o clube, que perdeu vários titulares, contratou apenas três jogadores, bem menos do que seus principais adversários. A movimentação lenta no mercado gerou críticas e o Santos passou ser apontado por muitos jornalistas como a “quarta força” do futebol paulista em 2019. Entrevistas duras de Sampaoli aumentaram as críticas à diretoria. “Se o clube tivesse me dito que não estava bem financeiramente, a realidade seria outra. Vim para fazer uma equipe forte. E espero que isso aconteça”, disse Sampaoli, com todas as letras. Diante disso, muitos veículos destacaram a inferioridade do elenco diante dos rivais e a crise gerada pela notória insatisfação do treinador. Quando a bola começou a rolar, o Santos ganhou da Ferroviária na Vila Belmiro (1 a 0) e goleou o São Bento em Sorocaba (4 a 0). O clube não resistiu à tentação de responder aos críticos. Nas redes sociais, fez comentários irônicos sobre suas próprias vitórias, seguidos pela hashtag #CriseNoSantos. Até mesmo o ex-meia Renato, executivo de futebol, alfinetou a imprensa em sua conta no Twitter. “Grupo Desunido, sem ALEGRIA, Descompromissado! Jean Mota, Derlis, Soteldo e Copete fazem gol contra a vontade de Sampaoli e serão multados! #CriseNoSantos”, brincou Renato. Compreendo a insatisfação porque o Santos já tem um histórico de desavenças com a Globo por ter poucos jogos (inclusive os decisivos) na grade de programação da emissora. Também compreendo que as redes sociais permitem esse tipo de brincadeira, mas é preciso levar em consideração que nem todos são sensatos no mundo do futebol. Sempre há o risco de que torcedores mais fanáticos e os baderneiros de sempre fiquem agressivos com profissionais de imprensa em dias de jogos. E, do ponto de vista técnico, ainda é cedo para o Santos responder aos críticos com tanta ironia. Vencer Ferroviária e São Bento é normal para qualquer um dos grandes. O primeiro teste para valer no ano será hoje, no clássico com o São Paulo. Será um jogo muito interessante e o Peixe entrará em campo motivado para ver o que é capaz de fazer contra aquele que a imprensa aponta como a “segunda força”.