Centro perdeu 70% dos recursos após a morte de fundadora Sílvia Belucci, em dezembro
Criança brinca no parque da instituição ( Gustavo Tilio/Especial para a AAN)
O Centro Corsini, instituição campineira notabilizada pelo combate à Aids, enfrenta uma das maiores crises financeiras desde sua fundação, em agosto de 1986. A entidade deixou de arrecadar 70% dos recursos que entravam no caixa mensalmente e ajudavam a manter assistência médica a milhares de portadores do HIV. Muitos contribuintes deixaram de fazer doações depois da morte da fundadora Sílvia Belucci, em dezembro. Também rarearam as empresas parceiras. Para complicar ainda mais a situação, pendências administrativas se acumularam e fizeram o centro perder repasses públicos da ordem de R$ 52 mil mensais. Para pagar salários e se manter de portas abertas, o Corsini pede socorro nas redes sociais. Grupos de amigos e promoções isoladas cobrem despesas emergenciais. Mas já não se aceitam novos pacientes. Faltam equipamentos essenciais e funcionários. Obras estão paradas, como a construção do anfiteatro idealizado por Sílvia para atividades de educação e lazer. De acordo com Marina Becker, produtora cultural que passou a trabalhar voluntariamente como gestora de captação e comunicação do centro, a equipe técnica se limita hoje a 21 funcionários. Não existe caixa para contratar profissionais como ginecologista e oftalmologista. Na unidade de atendimento infantil, faltam colchões para cinco das 20 crianças acolhidas. Na cozinha, a despensa conta com alimentos doados esporadicamente pela Ceasa Campinas, por programas como o Mesa Brasil, do Sesc, e por internautas sensibilizados por apelos no Facebook. De acordo com Marina, a morte de Sílvia Bellucci fez a entidade perder sua legítima embaixadora. “Ela era simplesmente a cara do Centro Corsini. Dava entrevistas, pedia apoio de políticos, ligava para empresários, representava a seriedade de todos os profissionais que trabalham aqui”, afirma. “É como se a gente começasse tudo do zero, lutando para reconquistar a confiança da sociedade.” A doença da fundadora, que durante um ano lutou contra o câncer no pâncreas, também abalou a estrutura administrativa do centro. Os auxiliares administrativos, ao longo do período, deixaram de recolher tributos e quitar despesas. A entidade perdeu as certidões negativas de débito e deixou de ter direito a receber os repasses essenciais liberados a cada mês pela Prefeitura. Flowers Paula Nascimento de Aguiar, a gestora financeira do Corsini, explica que o atual presidente, o dentista Luiz Roberto Antunes, se entregou à missão árdua de pedir ajuda e liquidar dívidas. “Regularizamos toda a situação, vamos apresentar as certidões negativas de débito à Administração e esperamos receber recursos da Secretaria de Cidadania, Assistência e Inclusão Social a partir de outubro”, diz. “O Corsini vai deixar de operar com um déficit mensal que, hoje, chega à casa dos R$ 60 mil.” Por mês, os gastos são de R$ 150 mil. Oito mil usuários estão cadastrados. Como ajudar O Corsini cadastra colaboradores efetivos e esporádicos. Também aceita a doação de produtos ou serviços. As pessoas interessadas em conhecer as dependências da entidade podem comparecer à Avenida Milton Cristine, 1.848, no Alto Taquaral. Os serviços prestados estão detalhados no site www.centrocorsini.org.br. O telefone para contato é o (19) 2101-0101.