O desfecho é irreversível: o tempo destrói tudo. A cabeleira some, a barriga aparece, o ímpeto da força dá lugar à moderação da inteligência. O corpo já não é mais o mesmo, mas a mente está melhor a cada dia. O tempo destrói tudo, sim, sobretudo as coisas supérfluas. O homem maduro vive, dos 30 aos 40, a sua mais árdua batalha. Embora ainda tenha lenha pra queimar, sabe que romper tal barreira significará muito mais do que a lenga-lenga da cartilha machista de tentar preservar a libido da juventude e o desejo que se acumulou nos últimos anos. Aos boleiros, passar dos 30 é quase o fim da linha e chegar aos 40, uma afronta ao mercado dominado pela molecada.
Um trintão como Luis Fabiano, por exemplo, deve estar em dúvida se vale mesmo a pena seguir adiante. Com a vida ganha, o Fabuloso não ganha mais nada há muito tempo. Sofre por tentar ser o mesmo menino de antes: malandro, forte, atrevido e eficiente. Agora, continua malandro, forte, mas o atrevimento transbordou e virou ineficácia. O camisa 9 Tricolor não faz falta na equipe e isso, por si só, já deve ser motivo de sobra para que o jogador pense e repense se continua ou não na profissão — ele já admitiu inúmeras vezes que pensa em pendurar as chuteiras.
Mas o que dizer de um quarentão como Seedorf? Corre como um menino, treina como um menino, mas soube como poucos a se adaptar à idade avançada. A forma física é invejável, tudo bem, só que o que tem feito a diferença no futebol do holandês é justamente a maturidade. Com a finalização de sempre, tem jogado como nunca.
Luis Fabiano deveria ter tirado o domingo de folga (ele desfalcou o São Paulo por suspensão mais uma vez) para ver Seedorf jogar. Aprenderia a controlar o verbo, manter a calma e até a convencer o árbitro a mudar de ideia numa falta mal marcada. Seedorf só carrega dos boleiros a malícia com a qual joga futebol. De resto, é um diplomata da bola.
Luis Fabiano, se quiser chegar aos 40 na profissão, terá de aprender a levar tudo na esportiva. Como se leva muito a sério, só tem pisado na bola.