Chegaram as festas juninas e julinas, é hora de fazer bandeirinhas, se vestir a caráter com direito a bigodes, costeletas, sardas artificiais, chapéu de palha, longas tranças e balancê! Dançar a quadrilha, se deliciar e ganhar calorias com as comidas típicas, bingo, pescaria, enfim, uma festa para todos...Bem, não é bem assim para todos...Vovó Naná trouxe a Maria Eduarda para uma consulta, onde a queixa principal é justamente a festa junina. Na escolinha estão preparando um grande “arraiá” e a Duda foi convidada a participar, inclusive para dançar a quadrilha, ela foi eleita para ser a “noivinha” da festa.Mas, a Duda não quer ir ao “casório”, a frequente timidez da menina agora atinge seu pico máximo, vovó quer saber, o que fazer?O senso comum prega que, uma vez tímida, sempre tímida. Ao longo dos últimos anos, os estudos sobre o comportamento humano têm revelado que a timidez, ao contrário da cor dos olhos ou dos cabelos, é uma característica passível de ser mudada.Uma criança inibida não está condenada a ser um adulto retraído. Publicada na revista americana Current Directions in Psychological Science, uma pesquisa dá pistas de como ajudar os pequenos a vencer a inibição. A chave, segundo os pesquisadores da Universidade de Maryland está no relacionamento da criança com sua mãe.A mãe tem um papel essencial na timidez de seu filho, para o bem ou para o mal. Ela deve estimulá-lo a fazer amigos, mas, ao mesmo tempo, precisa entender que timidez, num grau razoável, não é doença. Só se torna um problema quando isola a criança do mundo. Criança assim não se diverte e corre o risco de, na adolescência, desenvolver transtornos psiquiátricos, como ansiedade e fobia social.Por cinco anos, os pesquisadores de Maryland acompanharam meninos e meninas com tendência aumentada à timidez. A primeira avaliação foi feita quando as crianças tinham 2 anos. Quando elas foram analisadas novamente, aos 7 anos, os especialistas notaram que algumas continuavam retraídas e outras não.As mães responderam a um questionário sobre como haviam lidado com a introversão de seus filhos durante esse período. As mulheres mais solitárias e mais estressadas eram as mães das crianças com maiores dificuldades de socialização.Os resultados do trabalho já vinham sendo esboçados por outras pesquisas, uma delas constatou que crianças tímidas filhas de pais superprotetores têm grande probabilidade de ser adultos retraídos e crianças criadas por avós, são mais tímidas.Os filhos de mães mais liberais, onde as crianças passaram por um processo de socialização mais precoce como creches, escolinhas, amiguinhos no condomínio entre outras, vencem a timidez com mais facilidade.Os estudos recomendam que se a Duda não quiser ir à festa junina da escola, os pais não devem se acomodar, é importante mostrar que é uma confraternização de amigos, e a presença dela é fundamental!Agora, se ela não quiser dançar a quadrilha, não a force. Esse tipo de exposição só a deixará mais aflita e consequentemente, mais tímida.A melhor receita para ajudar uma criança a vencer a timidez é ir devagar, respeitando seus limites, mas ao mesmo tempo mostrar que existem outros limites; com o tempo a tendência é que ela se solte, faça mais amigos e se liberte para o mundo lá fora.