VIOLÊNCIA

Crescem assaltos a carros-fortes na região de Campinas

Desde o começo do ano 15 ataques foram praticados na região; vigilantes vivem sob tensão

Patrícia Azevedo
01/08/2013 às 09:44.
Atualizado em 25/04/2022 às 06:55
Carro-forte onde vigilantes deixaram malote com dinheiro para assaltantes, nesta terça: família feita refém  (César Rodrigues/AAN )

Carro-forte onde vigilantes deixaram malote com dinheiro para assaltantes, nesta terça: família feita refém (César Rodrigues/AAN )

A Região Metropolitana de Campinas (RMC) vive uma explosão no número de sequestros de vigilantes e roubos a carros-fortes. Desde o começo do ano foram registrados pelo menos 15 ataques. Segundo o Sindicato dos Trabalhadores em Carros-fortes e Transporte de Valores (Sindforte), o crime começou a ocorrer nos últimos dois anos, mas nos últimos meses os casos aumentaram, espalhando pânico e insegurança entre os funcionários das empresas de valores e suas famílias. O último caso aconteceu nesta terça-feira (31), em Campinas. Um dos vigilantes da Prosegur e sua família foram sequestrados na noite de terça-feira (30), em Hortolândia. Todos foram levados para um cativeiro na mesma cidade e o vigilante foi liberado na manhã seguinte para ir trabalhar com a condição de entregar os malotes com dinheiro.O roubo foi concretizado por volta das 10h desta terça, no acostamento do Km 131 da Rodovia Dom Pedro I, na pista sentido Norte, pouco depois da entrada do Shopping Galleria. Os bandidos coordenavam o vigilante por telefone e ordenaram que ele parasse o carro-forte no local. Depois que os malotes foram deixados no gramado dois criminosos se aproximaram em um Corolla preto. Os bandidos pegaram o dinheiro e fugiram. A Polícia Rodoviária passava pelo local quando viu o carro-forte parado. “Foi então que descobrimos o roubo e soubemos que a família de um dos vigilantes havia sido sequestrada. Ele ainda está muito abalado”, afirmou o tenente Márcio Massarente. A família do vigilante foi liberada muito depois da quadrilha colocar as mãos no dinheiro. Todos os membros da equipe e a família do vigilante prestaram depoimento a policiais da Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de Campinas.O delegado Carlos Henrique Fernandes, responsável pelas investigações dos casos na cidade, afirmou que o crime desta terça apresenta a mesma forma de ação da quadrilha cujos líderes foram presos na terça-feira (30). “O modo de operação é muito semelhante, mas não podemos afirmar com certeza de que é a mesma família. Sabemos que a quadrilha que estamos investigando é muito grande e ainda há membros que não foram identificados”, afirmou. De acordo com o policial, o sequestro desta terça pode ter sido cometido por uma célula da quadrilha.Terça-feira, policiais da DIG prenderam dois líderes do grupo, um deles, Antônio Marques da Silva Souza, de 38 anos, identificado como assessor político, e o vendedor Cláudio Ribeiro da Silva, 39 anos, conhecido como Massa. De acordo com a polícia, os dois seriam os responsáveis por articular e organizar pelo menos sete assaltos em que as famílias dos funcionários dos vigilantes foram sequestradas.Além dos dois presos, outros quatro envolvidos já foram identificados e reconhecidos em fotografias por vítimas dos assaltos. A suspeita é de que o grupo também esteja envolvido em casos de roubo de carga e vinha agindo há pelo menos um ano.MedoOs funcionários das empresas de transporte de valores relatam uma rotina de medo e insegurança. “A gente sai para trabalhar, mas não sabe se volta. É apavorante. Usamos revólveres calibre 38 enquanto os bandidos estão fortemente armados”, afirmou um dos vigilantes.Outro profissional conta que desde que começou a trabalhar no ramo nunca viveu com tanto medo. “Não conto para ninguém o que faço, mudei toda a rotina da minha família com medo desses sequestros, é uma situação de tensão constante”, afirmou.“Além do medo de sequestros, temos o medo de perder o emprego. Um dos funcionários seguiu o protocolo e se negou a entregar o dinheiro. Quando ele chegou em casa, levou seis tiros. Ele teve que sumir. Não sabemos se está morto ou vivo, é angustiante essa situação”, disse um funcionário.“A empresa diz que não devemos entregar o dinheiro e chegou a demitir por justa causa um colega que seguiu as determinações dos bandidos, mas o que podemos fazer numa situação destas? Poderia ser o meu filho, a minha esposa”, desabafou um funcionário.

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