CRIATIVIDADE

Craques são inspiração na escolha de nomes

Astros do futebol influenciam pais a nomearem seus filhos, principalmente, em ano de Copa do Mundo

Plácido Berci
planetaesporte.correio.com.br
14/05/2014 às 21:42.
Atualizado em 26/04/2022 às 23:58

Escolher o nome do filho é uma missão difícil. Afinal, a decisão dos pais é uma herança para toda a vida da criança. Há quem aproveite o nascimento do bebê para homenagear ídolos pessoais. “As mães adoram colocar nomes de personagens de novela. Teve uma época que Pérola foi uma febre para as meninas, tudo por causa da novela que tinha esse nome”, conta Carolina Mendonça Massacani de Souza, escrevente do 3º Registro Civil de Campinas. Se as novelas inspiram as mulheres, as Copas do Mundo inspiram os homens.No dia 30 de junho de 1998, Inglaterra e Argentina jogavam as oitavas-de-final da Copa do Mundo na França, quando Michael Owen marcou o gol que virou o jogo para os ingleses e teve seu nome gritado por boa parte do estádio. Hoje, no Jardim Campos Elísios, em Campinas, Dryowen, de cinco anos, tem que driblar a marcação da mãe e sabe que quando tem seu nome gritado é porque fez coisa errada. “Normalmente, eu chamo ele de Dry, mas quando ele faz arte, já grito Dryowen”, se diverte Monique Raquel Ferreira.Ela conta que o marido sempre foi fã do craque inglês e a decisão de homenageá-lo dando o nome ao filho surgiu no dia do gol contra a Argentina. “Meu marido sempre foi fanático pelo Michael Owen. Daí, quando o jogador fez o gol contra a Argentina na Copa de 98, ele disse que daria o nome de Owen ao filho.” A espera até o nascimento foi de 11 anos e Monique conta que o filho adora o nome. “Na escola, ele conta orgulhoso para os amigos que foi por causa do jogador.”O nome do menino foi uma mistura entre o ex-atacante da seleção inglesa e Adriano, nome do pai. Um dia, a família resolveu pesquisar na internet se havia outros com o mesmo nome. “Pesquisamos e vimos que ele é o único Dryowen de Campinas, mas eu acho que ele deve ser o único do Brasil”, comemora a mãe.Raquel Suely da Silva Rosa, diarista, foi mais além. Sua nora está grávida de quatro meses e a avó decidiu o nome do neto olhando o álbum da Copa do Mundo. A família ainda não sabe o sexo da criança, mas Raquel tem certeza que será um menino. “Já fiz até simpatia para ser um menino. Outro dia, estava trabalhando e limpando um apartamento quando vi o álbum da Copa em cima da mesa. Resolvi folhear e achei o nome do meu futuro neto: Lucas Perez, mistura entre Lucas Neill, da Austrália, e Diego Pérez, do Uruguai. “Achei que combinou e ficou bonito", justifica.O assunto promete dividir opiniões na família, já que, se nascer um garoto, a mãe, Aline Viana, quer colocar o nome de David Luca, o mesmo do filho de dois anos de Neymar. Aliás, coincidência ou não, só essa semana foram registrados três meninos com o mesmo nome no 3º Registro Civil de Campinas. "Em ano de Copa, costuma aumentar um pouco os registros com nomes de jogadores, mas esse ano ainda está fraco. Me chamou a atenção que essa semana foram registrados três David Luca, mesmo nome do filho do Neymar. Quem sabe se o Brasil ganhar a Copa, aumente o número de homenagens", especula a escrevente Carolina.RIQUELMES O mau desempenho da Seleção Brasileira nas Copas de 2006 e 2010 parece ter afetado também o registro de crianças com nomes inspirados em jogadores. "Da Copa anterior pra cá, parece que deu uma caída em relação aos outros anos. O último Romário registrado aqui, por exemplo, foi em 2012", afirma Carolina de Souza, escrevente do 3º Registro Civil de Campinas.Mesmo assim, segundo a Associação dos Registradores de Pessoas Naturais do Estado de São Paulo (Arpen-SP), um dos nomes mais registrados é Neymar. Em todo o Estado, foram 354 registros de janeiro de 2009 até dezembro de 2013, sendo que só em 2011 foram 132.Para Carolina, a opção mais frequente é por nomes de jogadores estrangeiros. “As pessoas costumam colocar nomes de atletas de outros países e muitos com a grafia errada. Um dos preferidos é Riquelme. De 2003 para cá, foram 12 Riquelmes registrados aqui no 3º Registro de Campinas", explica. A alta procura pelo nome do rival é confirmada pelos dados da Arpen-SP, já que nasceram 2.346 “Riquelmes” em todo o Estado, desde 2000.Um deles é o campineiro Riquelme Teixeira da Rocha. Inspirado no camisa 10 do Boca Juniors e, por muito tempo, da Seleção Argentina, o estampador de camisas William Ferreira da Rocha homenageou o ídolo no nome do filho. “A inspiração veio depois que o Boca ganhou do Palmeiras na final da Libertadores de 2000, ano em que ele nasceu. Sou santista e pensava em pôr Giovani em homenagem ao ídolo do Santos da década de 90, mas como o Boca estava no auge e ganhou do meu rival, eu resolvi homenagear o Riquelme”, conta.William, que também é pai de Keirrison Teixeira da Rocha, de 5 anos, — nome inspirado no atacante que surgiu no Coritiba — revela que, por causa da idolatria ao craque argentino, já chegou a torcer para os hermanos.“Eu já cheguei a torcer para eles em Copas, por causa do Riquelme e do Maradona, de quem eu sempre fui fã.” Mas perguntado como ficaria a torcida esse ano com a Copa aqui no País, ele foi enfático. “Esse ano é Brasil e Neymar. Mas uma final contra a Argentina seria legal”, brinca o pai de Riquelme e Keirrison.

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