CORRUPÇÃO

CPI da Petrobras tem gritos, bate-boca e troca de ofensas

Deputado do PSOL precisou ser contido durante discussão com Hugo Motta; requerimentos que pedem a convocação dos ex-ministros José Dirceu e Antonio Palocci não foram apreciados

Agência Estado
06/03/2015 às 08:52.
Atualizado em 24/04/2022 às 01:04
O presidente da CPI da Petrobras, Hugo Motta (à esq.), que foi chamado de "coronel" e "moleque", discute com outro parlamentar na sessão de votação de sub-relatorias (Ed Ferreira/ AE)

O presidente da CPI da Petrobras, Hugo Motta (à esq.), que foi chamado de "coronel" e "moleque", discute com outro parlamentar na sessão de votação de sub-relatorias (Ed Ferreira/ AE)

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras começou nesta quinta-feira (5) sem aprovar pedidos de convocação e a quebra de sigilos fiscal e telefônico de políticos e empreiteiros supostamente envolvidos no esquema de corrupção na estatal. Em cinco horas de sessão com direito a bate-boca, gritos e xingamentos, foram aprovados 109 dos 340 requerimentos apresentados. Pedro Barusco, ex-gerente da Petrobras, foi a primeira das 23 convocações já aprovadas e deve ser ouvido na Câmara já na próxima terça-feira (10).Estão entre as prioridades da CPI os ex-presidentes da estatal Graça Foster e José Sergio Gabrielli, a presidente da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Magda Chambriard, além do doleiro Alberto Youssef, dos ex-diretores Paulo Roberto Costa, Jorge Zelada, Renato Duque e Nestor Cerveró. A lista de convocação inclui o advogado-geral da União, Luís Inácio Adams e o ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Valdir Simão.Os requerimentos que pedem a convocação dos ex-ministros José Dirceu e Antonio Palocci e dos empreiteiros que estão detidos desde o fim do ano passado não foram apreciados. "Está se evidenciando um acordão na CPI para ela não ir fundo, ao contrário do que propalam seus principais componentes”, disse o líder do PSOL, Chico Alencar (RJ).O presidente da CPI, Hugo Motta (PMDB-PB), disse não ter intenção de proteger ninguém. “Coloquei todos os requerimentos na pauta. Os líderes partidários, em comum acordo com o relator, resolveram priorizar alguns requerimentos em que havia comum interesse tanto do relator quanto da oposição”, disse Motta. Segundo o presidente, os demais requerimentos continuam na pauta e serão apreciados nas próximas sessões deliberativas da comissão.Na lista de requerimentos aprovados também está o que solicita a contratação da multinacional Kroll para investigar crimes de lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Motta negou-se a estender a investigação da CPI ao governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), como queriam os petistas.BrigaA sessão de ontem foi marcada por um intenso bate-boca generalizado quando Motta anunciou a criação de quatro sub-relatorias, enfraquecendo o trabalho que será feito pelo relator Luiz Sérgio (PT-RJ).Deputados do PT e do PSOL revoltaram-se por não terem sido consultados a respeito da instalação das sub-relatorias e da escolha de seus titulares, anunciados ontem. Edmilson Rodrigues (PSOL-PA) era o mais exaltado. Chamou Motta de “coronel” e “moleque” e precisou ser contido pelos colegas.“Quem manda aqui é o presidente. Não aceito desrespeito. Cabelo branco não é sinônimo de respeito”, reagiu Motta aos gritos. “Não serei fantoche para me submeter à pressão aqui. Não tenho medo de grito. Da terra onde venho, homem não ouve grito”. Acalmados os ânimos, o deputado do PSOL pediu desculpas ao peemedebista e negou ter chamado o colega de “moleque”. Afirmou ter dito “não amoleque esta CPI”. "A minha cultura é a cultura da decisão coletiva. Felizmente não vivemos mais numa ditadura”, disse Rodrigues.A CPI elegeu ontem como vice-presidentes do colegiado os deputados Antonio Imbassahy (PSDB-BA), Félix Mendonça Júnior (PDT-BA) e Kaio Maniçoba (PHS-PE). O tucano será o primeiro vice, o pedetista, o segundo e Kaio, o terceiro. 

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