CRISE

Corte nas vagas do Pronatec atinge estudantes de Campinas

Foram ao menos 7,5 mil vagas oferecidas em 2014 na cidade; entretanto, neste ano de 2015, só 290 estão confirmadas

Sarah Brito
12/06/2015 às 05:00.
Atualizado em 23/04/2022 às 10:54
Aula do Pronatec no Sertec, antigo Ceketec Objetivo: instituição vai oferecer 200 vagas no programa este ano (  Cedoc/RAC)

Aula do Pronatec no Sertec, antigo Ceketec Objetivo: instituição vai oferecer 200 vagas no programa este ano ( Cedoc/RAC)

O Ministério da Educação (MEC) cortou esta semana dois terços das vagas abertas para cursos do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), o que acende um alerta nos estudantes de Campinas, que também sofrerá redução nas vagas. Ao menos 7,5 mil alunos foram beneficiados em 2014 na cidade, segundo levantamento feito pelo Correio Popular. Somente na Universidade Anhanguera, foram 4,9 mil vagas no ano passado, que não serão abertas este ano. O programa é uma das principais bandeiras da presidente Dilma Rousseff (PT), e foi vitrine da campanha de reeleição. O Pronatec é o segundo programa educacional do governo a enfrentar problemas. Desde o começo do ano, estudantes têm dificuldades com o Financiamento Estudantil (Fies), após ser alvo de mudanças e limitações de inscrições.Em todo o País, apenas 1 milhão de vagas estarão abertas no Pronatec. Em 2014, foram 3 milhões. O total de oferta do Pronatec de 2011 a 2014 foi de 8 milhões de matrículas, com investimento de R$ 15 bilhões. Além do corte, as entidades que oferecem os cursos estão com problemas com os constantes atrasos nos repasses de recursos. Em fevereiro, unidades na cidade estavam entre as 500 instituições com repasses atrasados.Em Campinas, há vagas pelo programa no Senai, Senac, Universidade Anhanguera, Ceketec Objetivo, Fundação Instituto Tecnológico de Logística (Fitel) e o Instituto Federal de São Paulo, campus Campinas. São cursos nas áreas comercial e industrial, turmas de operador de telemarketing e segurança do trabalho.Na Anhanguera, foram no ano passado 4.940 alunos em Campinas. Havia vagas também em Valinhos (440), Indaiatuba (46) e Sumaré (160), no primeiro e segundo semestre. Para este ano, a unidade informou que o MEC não liberou nenhuma vaga para a Anhanguera em Campinas, Indaiatuba e Sumaré. Serão apenas 140 vagas em Valinhos.No Senai, em 2014, foram 2.396 matrículas de alunos do Pronatec. Em nota, a unidade informou que “para 2015, o número de vagas previstas ainda não foi definida”. O Senai informou ainda que não encontrou dificuldades nas tratativas com o MEC. No Sertec (antigo Ceketec Objetivo), são 140 alunos nos cursos de informática, enfermagem e gastronomia. Para este ano, a unidade informou que foram abertas 200 vagas. As inscrições vão de 22 a 26 de junho. O Senac, com unidades em Campinas e Americana, matriculou 1.252 alunos no Pronatec em 2014. Neste ano, não haverá vagas.Já a Fitel tem 90 bolsitas, que continuam o curso. No entanto, não haverá vagas pelo Pronatec para este ano na Fitel. O Instituto Federal de São Paulo foi procurado pela reportagem, mas não retornou o pedido de informações. O MEC foi procurado para informar dados sobre o número de alunos em Campinas e região no ano passado, além da projeção de vagas para este ano, mas não detalhou o pedido. PerfilOs candidatos do Pronatec devem ter no mínimo 16 anos, podem ser estudantes de ensino médio da rede pública ou já formados, podem ser trabalhadores, empregados ou não, e também beneficiários de programas de transferência como o Bolsa Família, além de estudantes do EJA (Ensino de Jovens e Adultos). Os candidatos que ainda cursam o ensino médio devem procurar a Secretaria de Estado da Educação ou a própria escola para informações sobre a pré-inscrição. O cadastro é feito diretamente com elas ou no site do Pronatec. Na Anhanguera, as inscrições acontecem pelo Sisutec (Sistema de Seleção Unificada da Educação Profissional e Tecnológica). Divisor de águasFazer o curso técnico em Logística na Anhanguera de Campinas foi um divisor na vida de Talisson Gomes Fernandes, de 23 anos. “Pude me atualizar no mercado e comecei um emprego. Eu já conhecia o trabalho por causa do curso, e hoje fui promovido por causa do suporte”, disse. Ele se formou em abril deste ano, após um ano de estudo. Em janeiro, ele conta, já estava trabalhando na área. “É uma das maiores operadoras logísticas do mundo. Dá para crescer bastante. Deu uma visão de empreendimento diferente, e vi o mercado de forma real”, disse.

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