BAFÔMETRO

Corpo pode demorar até 27 horas para eliminar álcool

A lei seca mais rigorosa é uma tentativa de reduzir os índices de morte no trânsito no Brasil

Patrícia Azevedo
IGPAULISTA@RAC.COM.BR
03/03/2013 às 05:47.
Atualizado em 26/04/2022 às 02:28

Voluntário faz teste com bafômetro (Alessandro Rosman)

O rigor da nova lei seca, que impôs multas e penas mais pesadas ao motoristas que forem flagrados dirigindo sob o efeito de álcool e outras drogas, vai além das blitze de trânsito nas noites e madrugadas de Campinas. O risco de ser identificado no teste do bafômetro após tomar alguns drinques pode ser prolongado por até 27 horas, dependendo da quantidade e do tipo de bebida ingerida, além do histórico da pessoa, seu sexo e seu peso. Alguém, por exemplo, com cerca de 60kg que consumir quatro doses de destilados deve esperar até 27 horas para poder dirigir em segurança. Se for parada em uma blitz e soprar um bafômetro, essa pessoa pode perder o direito de dirigir, ser presa e ainda ter que pagar multa que pode chegar a

$ 1,9 mil.

“O tempo que o álcool demora para ser metabolizado depende de uma série de fatores, como sexo, peso, quantidade, tipo de bebida e até mesmo os hábitos das pessoas”, afirma o farmacêutico toxicologista do Centro de Controle de Intoxicações da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Rafael Lanaro.

A lei seca mais rigorosa é uma tentativa de reduzir os índices de morte no trânsito no Brasil. Só em Campinas foram 147 vítimas fatais nas ruas e avenidas do município em 2011 (último dado divulgado pela Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas, a Emdec). Ao todo, foram 17.965 acidentes no ano, com 4.056 feridos.

A medida, porém, acaba atingindo de maneira semelhante tanto as pessoas que exageram, bebem demais e “barbarizam” no trânsito, criando riscos para elas e para terceiros, quanto aquelas que tomam uma taça de vinho ou champanhe em um evento, por exemplo, e vão para casa sem qualquer sintoma de que estão com os sentidos afetados.

Segundo especialistas ouvidos pela reportagem do Correio Popular, aqueles que bebem com moderação estão livres do problema no dia seguinte. Mas quem enche o copo (ou a taça) pode, mesmo após uma boa noite de sono, correr riscos quase o dia seguinte inteiro. Os efeitos do álcool ainda podem interferir nos reflexos e na capacidade de resposta a situações de risco.

Mulheres pequenas, por exemplo, e que não têm costume de beber demoram mais para metabolizar e eliminar o álcool. “Se a pessoa está acostumada a beber, metaboliza mais rápido, já que o fígado tem uma quantidade maior de enzimas que cuidam disso”, explica Lanaro. O especialista diz que não é possível afirmar “com segurança” o tempo que ela pode beber e dirigir de forma segura.

“São muitas variáveis”, explica. Para se ter ideia da demora do efeito do álcool no organismo, Lanaro conta que um homem de 70kg demora até seis horas para eliminar o álcool de três copos americanos de cerveja. “Uma jovem que bebeu vodca durante uma festa a noite inteira e dormiu até as 9h do dia seguinte ainda tem álcool no sangue”, exemplificou. Assim, se ela for dirigir e fizer um teste de bafômetro, pode acabar detida e sem a carteira de habilitação.

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