CAMPINAS

Corintiano briguento perde o emprego na GM

Raimundo Faustino apresentou atestado médico no dia em que foi flagrado brigando em Brasília

Felipe Tonon
18/09/2013 às 21:24.
Atualizado em 25/04/2022 às 02:59
Raimundo Cesar Faustino se envolveu em briga de torcidas no estádio Mané Garrincha, em Brasília, no final de agosto ( Cedoc/RAC)

Raimundo Cesar Faustino se envolveu em briga de torcidas no estádio Mané Garrincha, em Brasília, no final de agosto ( Cedoc/RAC)

O guarda municipal de Campinas Raimundo Cesar Faustino foi exonerado nesta quarta-feira (18) pela Prefeitura. Ele se envolveu em uma briga de torcidas no estádio Mané Garrincha, em Brasília, no final de agosto, quando foi flagrado agredindo um policial militar durante partida entre Corinthians e Vasco. A decisão será publicada na edição desta quinta-feira (19) do Diário Oficial do Município. O prefeito Jonas Donizette (PSB) foi quem determinou a demissão do servidor público após o resultado da sindicância realizada pela Corregedoria da GM, que apurou atos de indisciplina cometidos pelo guarda. Faustino estava na corporação desde 1999. Torcedor do Corinthians e membro da torcida organizada Gaviões da Fiel, Faustino também é vereador na cidade de Francisco Morato, na Grande São Paulo. Lá é alvo de apuração na Câmara, mas não corre o risco de perder o mandato. Na tarde desta quarta-feira, o iG Paulista acompanhou a sessão do Legislativo na cidade, mas Capá, como é conhecido no meio político, não compareceu. Ao ver a equipe de reportagem no local, ele se escondeu em um carro e fugiu. O caso veio à tona após Faustino ter sido identificado em imagens de televisão e fotos publicadas em jornais nacionais que mostravam uma confusão nas arquibancadas do estádio e um homem chutando um PM. Quando o processo administrativo na GM foi aberto, o secretário de Segurança de Campinas, Luiz Augusto Baggio, repudiou a agressão do guarda contra o policial militar. "Qualquer pessoa que agride um policial é indigno, ainda mais ele sendo um guarda municipal, agredindo um policial fardado. Não faz o menor sentido." A conduta de Faustino levou Baggio até a capital federal, onde o secretário formalizou um pedido de desculpas à PM de Brasília. O guarda acumulava faltas e desobediência recorrente ao comando. Desde quando entrou na GM, ele respondeu a pelo menos 15 processos administrativos. No dia em que brigou no Mané Garrincha, Faustino deveria estar trabalhando em Campinas, mas apresentou um atestado médico. Na tarde desta quarta-feira, a Prefeitura de Campinas enviou nota à imprensa explicando os motivos da exoneração. Informou que "a não observância de normas legais e regulamentadoras, o descumprimento de ordem de serviço e a exposição da corporação de forma negativa em rede nacional por suposta agressão a policial militar" foram determinantes para sua demissão. Antes do envolvimento na briga em Brasília, o guarda já havia respondido a outros processos administrativos. Desde o início do ano estava sem porte de arma e afastado das ruas. Sua última atividade foi na central de monitoramento da cidade. Faustino também é vereador pelo Partido dos Trabalhadores. Seu salário como parlamentar é de R$ 6,2 mil e na GM de Campinas, seus vencimentos giravam em torno de R$ 3 mil. Ele está impedido de frequentar os estádios de São Paulo por 90 dias. Por conta da confusão, o Corinthians foi multado em R$ 80 mil. A torcida organizada Gaviões da Fiel também está na mira do Ministério Público Estadual, que pede sua extinção. Vereador foge da reportagem durante sessão da Câmara Na tarde desta quarta o iG Paulista acompanhou os trabalhos dos vereadores em Francisco Morato. Na pequena sala que abriga o plenário da Câmara, 11 vereadores se reuniram para a segunda sessão ordinária de setembro. Apenas Capá não compareceu. Na cidade, são apenas duas sessões ao mês - na primeira e terceira quarta-feira do mês. Na sala, chama atenção a galeria de presidentes, que além dos quadros com fotografias, traz um versículo bíblico: "Ai dos que decretam leis injustas, para negarem justiça aos pobres" do livro de Isaías, capítulo 10, versículos 1 e 2. Faustino foi um dos primeiros a chegar, por volta das 14h. Em contato com a assessoria do parlamentar, a informação era de que ele ainda não havia chegado. Cerca de 30 minutos depois, um assessor do vereador informou que ele não iria participar da sessão porque estava de licença médica. Capá, como é conhecido, não foi mais visto na Câmara. De acordo com um funcionário, que preferiu não se identificar, ele despistou a imprensa e deixou o local escondido em um carro. A reportagem conseguiu contato com ele por telefone, mas ele não quis conceder entrevista para comentar sua exoneração e a ausência na sessão da Câmara. "Não devo satisfação nenhuma para o senhor, está bom!" , disse, desligando o telefone. Em meio aos projetos de leis em discussão, o nome de Faustino foi citado duas vezes: na chamada de presença e quando um vereador do PT discursou sobre um evento do partido realizado na cidade, que contou com a presença de Capá, que é pré-candidato a deputado estadual. O presidente da Casa, vereador Claudemir Correa Leite (PSB), afirmou que recebeu um esclarecimento de Capá por escrito e o caso foi encaminhado para o departamento jurídico. De acordo com Cristiane Schiavo, superintendente dos negócios jurídicos da Câmara de Morato, o caso está sendo apurado, mas ele não corre risco de ser exonerado do cargo. "Não houve uma denúncia, ele não faltou com decoro enquanto parlamentar. Ainda não temos nada de concreto sobre uma possível sanção ao vereador." A reportagem teve acesso ao texto escrito pelo vereador. Nele, Capá disse que chutou o policial por achar injusta a atitude dele, que estaria agindo com truculência. "Sinto pelo ocorrido (…) todos estavam nervosos, inclusive eu, que impensadamente revidei ao ataque." Ele finalizou dizendo que "o ocorrido, que foi tão divulgado, não passou de um lamentável incidente, sem maiores consequências."

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