EXPOSIÇÃO

Cores, arte e movimento

Exposição reúne 70 trabalhos desenvolvidos pelos frequentadores da Fundação Síndrome de Down e será inaugurada na próxima terça-feira, com entrada livre e gratuita

Mariana Camba/[email protected]
22/06/2025 às 12:50.
Atualizado em 22/06/2025 às 16:14
 (Ana Paula Benini)

(Ana Paula Benini)

Obras que traduzem talento e emoção estão reunidas na exposição “Prisma: cores de iluminar a vida”, que permanecerá aberta à visitação até setembro. Os autores são os frequentadores da Fundação Síndrome de Down (FSDown), que fazem um convite para o público prestigiar a mostra e, assim, ter a oportunidade de ver o mundo com outros olhos e com os sentidos despertos. A abertura será nesta terça-feira (dia 24), às 17h, na galeria localizada dentro da fundação, com entrada livre e gratuita. No total, participam da exibição 62 artistas, de 8 a 65 anos.

Os artistas educadores Vera Costa, Israel Maia e Sabrina Savani são os responsáveis por orientar a produção das peças expostas, processo que teve início em janeiro deste ano. Os trabalhos foram inspirados nas obras de três artistas: Joan Miró, pintor espanhol reconhecido pelo trabalho figurativo, repleto de cores fortes, linhas e movimento; Tadaskia, artista brasileira que traz cores e movimentos em formas variadas; e Yayoi Kusama, artista japonesa que trabalha esferas, círculos e bolas em diversos tamanhos.

Segundo Vera, esses artistas foram escolhidos como referência em função de seus trabalhos com profusão de cores, com a expressão de tonalidades e linhas que remetem ao lúdico e expressam formas em movimento. Para que os frequentadores da Fundação pudessem se aprofundar no tema, uma televisão foi levada ao Ateliê de Artes Thomaz Perina – existente na entidade –, para exibição de diversas imagens dos trabalhos dos três profissionais.

Como resultado, houve um diálogo sensorial e visual, que reuniu dezenas de trabalhos, dentre os quais 70 foram escolhidos para a exposição. Segundo Vera, a seleção foi necessária, pois alguns dos artistas chegaram a produzir mais de 30 obras. Em decorrência da ampla produção, os profissionais estão considerando a montagem de uma segunda mostra, com as obras não exibidas agora. “Focamos na expressão artística dos frequentadores da Fundação, para ajudá-los a se comunicar por meio das linhas, cores e formas.”

O ateliê planeja realizar duas exposições anualmente, com temas e artistas variados. Os trabalhos produzidos na mostra que será inaugurada nesta semana utilizam materiais variados, como tinta acrílica, giz de ponta porosa e oleoso, telas, papel, aquarela, canetas, cartolina e papel cartão. A escolha dos materiais e das técnicas foi feita individualmente, de acordo com a preferência e interesse dos autores. 

A exposição reúne também os trabalhos da Oficina Letras, Artes e Histórias, que está em andamento na FSDown. A oficina é parte do projeto “Transformando crianças através da arte”, que leva as pessoas ao mundo das artes, letras, livros e histórias, em atividades que dialogam com os artistas do Ateliê de Arte Thomaz Perina.

O ATELIÊ

Vera ressaltou que os artistas que participam da atividade são pessoas que se comprometeram com os trabalhos desenvolvidos, se encontraram na arte. O Ateliê de Artes Thomaz Perina funciona de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h, e atende crianças a partir de 7 anos, adolescentes e adultos com Síndrome de Down e deficiência intelectual.

Em média, 70 pessoas passam pelo ateliê pelo menos uma vez por semana. O objetivo do espaço é desenvolver o potencial dos atendidos nas áreas criativa e artística, o que provoca impactos diretos na autonomia e pertencimento de cada um. Por meio de diferentes técnicas e materiais, os frequentadores desenvolvem repertórios visuais, experimentam linguagens, constroem ideias e revelam traços únicos de sua identidade e sensibilidade. Vera definiu o espaço como um ambiente de criação — sem considerar o certo ou o errado, o bonito ou o feio, como um ambiente de expressão.

Para a artista educadora, é imprescindível a divulgação das atividades desenvolvidas pelos frequentadores, para que os trabalhos possam ampliar o seu alcance e o público. “Essas são pessoas que não são vistas pela sociedade naturalmente.” Ao trabalhar a inclusão, acrescentou, os que são supostamente excluídos produzem e transbordam talento, em um espaço que fomenta e instiga essa transformação.

Como consequência desse trabalho, os frequentadores da Fundação ampliam seus conhecimentos e o despertar da vida social. Ao analisar o resultado da mostra, que teve sua composição final concluída nesta semana, Vera disse ter ficado arrepiada ao sentir o que as telas e papéis transbordam. "O resultado disso é maravilhoso e merece ser divulgado e apreciado. Venham!” 

A FUNDAÇÃO

A Fundação Síndrome de Down (FSDown) foi criada em 1985 por um grupo de pais de crianças portadoras da síndrome e neuro divergentes, com o propósito de desenvolver qualidade de vida, da gestação à fase adulta. A instituição defende que cada pessoa deve construir sua identidade ao reconhecer o seu potencial, autonomia, independência e inclusão social. Os atendidos recebem apoio em diversas frentes, como a atenção às famílias, suporte terapêutico, apoio à educação inclusiva e ateliê de arte.

PROGRAME-SE

Exposição ‘Prisma: Cores de Iluminar a Vida’

Quando: Abertura dia 24, às 17h. Exposição disponível até o dia 30 de setembro, com visitação de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h

Onde: Galeria da FSDown – Rua José Antônio Marinho, 430, Barão Geraldo

Entrada livre e gratuita

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