A carta foi encontrada pelos bombeiros junto ao corpo do copiloto Fernando Bondezan Albuquerque
Entre os destroços do avião anfíbio que caiu nesta quarta-feira (29) em Sorocaba, os bombeiros encontraram um bilhete da filha do copiloto Fernando Bondezan Albuquerque, de 34 anos, morto no acidente, com a mensagem: "Volta logo, papai". O bilhete foi escrito pela mulher do aviador e continha ainda uma declaração de amor: "Obrigada por ser esse grande homem, esse pai maravilhoso. O marido que sonhei! Agradeço a paciência... Você é tudo em nossas vidas, um amor verdadeiro e muito forte." O cartão, que estava junto com a carteira funcional de Albuquerque foi entregue à família do morto.
O acidente causou também a morte do piloto Cauan Zuccoli Michelino, de 30 anos. Os corpos foram liberados nesta quinta-feira pelo Instituto Médico Legal (IML) de Sorocaba. O corpo de Cauan foi levado para o Cemitério do Horto Florestal, na cidade de São Paulo, onde o piloto residia. O corpo de Bondezan seguiu para o Cemitério Parque dos Girassóis, em Guaianases, também na capital.
O avião monoturbo anfíbio, de prefixo PP-XLR, levantou voo do aeroporto de Sorocaba e caiu minutos depois no Jardim São Guilherme, zona norte da cidade. Ao tocar a fiação elétrica e o solo, a aeronave pegou fogo. As chamas atingiram duas casas, mas os moradores não se feriram. Uma delas foi interditada pela Defesa Civil. O avião, de fabricação americana, passou por manutenção numa oficina de Sorocaba e seria levado para o Aero Clube de Jundiaí. A assessoria de imprensa da Força Aérea Brasileira (FAB) informou que o aparelho era uma aeronave experimental. As causas do acidente são investigadas pela Polícia Civil.
INVESTIGAÇÃO
O Daesp (Departamento Aeroviário do Estado de São Paulo) quebrou as regras de não se investigar acidentes com aviões experimentais. Este era o caso do hidroavião que caiu nesta quarta-feira (29) em Sorocaba. O órgão determinou, nesta quinta-feira (30), que o Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) levante o que levou à queda da aeronave e a morte do piloto e do co-piloto que a operavam.
O hidroavião, modelo Contier, prefixo PPXLR, caiu por volta de 15h30, minutos depois de decolar do Aeroporto de Sorocaba. A aeronave rodopiou no ar, perdeu altitude, tocou fiação elétrica e bateu uma das asas em duas casas.
Após o choque na fiação, houve uma explosão e o fogo se espalhou com o vazamento de querosene. Uma das casas atingidas foi interditada. Nenhum dos moradores foi atingido, porque escaparam pelos fundos das casas. Pelo menos 5.526 pessoas do Jardim São Guilheme, local da queda, ficaram sem energia de 15h30 até as 19h. Os semáforos dos principais cruzamentos do bairro também ficaram inoperantes durante o mesmo período.
As informações iniciais são de que o avião veio dos Estados Unidos, foi inspecionado no Aeroporto de Sorocaba, teve a documentação nacionalizada e que seguiria a Jundiaí antes de ser integrado a uma empresa de Táxi Aéreo.
Os mecânicos responsáveis pela inspeção afirmam que a aeronave estava em perfeitas condições de uso. O piloto Cauã Michelino, de 30 anos, e Fernando Bondezan Moreira, de 34, mortos no acidente, tinham experiência.
Serão investigadas não só as condições da aeronave e do piloto e co-piloto, mas as da pista e a situação do local onde o avião caiu. De acordo com o Daesp, é necessário saber também se algum agente externo levou à queda.
Os corpos do piloto e do co-piloto foram liberados na manhã desta quinta-feira pelo Instituto Médico Legal de Sorocaba para serem levados a São Paulo, onde moravam, para que as famílias façam velório e enterro.
Um dia depois do acidente, os moradores das duas casas atingidas e vizinhos do local onde o avião caiu ainda não superaram o susto. Moradores da casa interditada não tiveram coragem de entrar no imóvel. (Com informações da Agência Estado)