RUBENS MORELLI

Copa de mordidas e assopradas

Rubens Morelli
23/08/2013 às 14:02.
Atualizado em 25/04/2022 às 04:38

O morde e assopra que se tornou a realização da Copa do Mundo no Brasil é uma das coisas mais chatas que aconteceu nos últimos tempos. Algum membro da Fifa visita o país e diz que tudo está muito bom, que o Mundial vai acontecer sem problemas, que a alegria do povo brasileiro vai transformar a competição na melhor experiência possível e por aí vai... Depois, na Europa, o mesmo dirigente faz críticas à organização, à segurança, às manifestações, às obras, promete um chute no traseiro e tudo fica por isso mesmo. Até voltar ao Brasil, quando a babação de ovo começa de novo.Nós estamos nos dias do otimismo. O secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, está no país nesta semana e rasgou elogios ao ministro do Esporte, Aldo Rebelo, a quem ele tinha criticado meses atrás do lado de lá do Atlântico. Falou bem até da sede de Manaus, aquela que não tem nenhuma obra de mobilidade em andamento, mesmo estando a dez meses da competição. Mas não importa como a torcida vai chegar ao estádio, não é mesmo? Vide a experiência na Arena Pernambuco, na Copa das Confederações. De um jeito ou de outro, as pessoas sobem nas arquibancadas. Valcke disse ainda que o calor e a umidade da cidade não preocupam para o Mundial. Afinal de contas não será ele que estará em campo debaixo do sol.Enquanto isso, José Maria Marin saiu da toca e disse haver um exagero de jogos no estádio Mané Garrincha, em Brasília. Segundo o presidente da CBF, as peladas pelo Campeonato Brasileiro estão estragando o gramado. Tem sentido. Jogar futebol naquele gramado verdinho é uma afronta. Certo é colocar os times para jogar no estádio Passo das Emas, em Lucas do Rio Verde (MT), ou no estádio (?) do Sesi, em Manaus, onde Corinthians e Vasco, respectivamente, disputaram suas partidas nesta semana. Disseram que tinha grama por lá. Mas a pergunta que fica é: não botaram um gramado caríssimo, padrão-Fifa, no Mané Garrincha? Com tanto dinheiro gasto na construção, o mínimo que se espera é que o estádio aguente um jogo por semana.O importante é que o evento nem começou e já é um sucesso de público. Mais de 2,3 milhões de ingressos foram solicitados nas primeiras 24 horas de venda. Ao todo, segundo a Fifa, 400 mil pessoas (85% brasileiros) de 200 países se inscreveram no sistema. E quem passou os dados para participar do sorteio que dará a chance de comprar o bilhete não lembrou que a empresa responsável pela venda está na mira do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), por suspeita de adotar práticas semelhantes à venda casada, o que é proibido no Brasil. Êêê Brasilzão! Que orgulho!

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