Competidoras questionam Miss Plus Size na Justiça

A disputa pela coroa em uma seletiva do Miss Brasil Plus Size foi parar na Justiça. Candidatas que participaram do concurso de beleza no último sábado (8), em São Paulo, alegam que a promotora do evento modificou as regras da seleção minutos antes da decisão dos jurados, o que teria prejudicado as candidatas. Em vez de serem escolhidas pelo julgamento de seus atributos, um sorteio definiu as finalistas.

De acordo com o site oficial Miss Plus Size, 62 candidatas participaram do desfile. Algumas modelos já ingressaram com ações na Justiça pedindo o valor da inscrição de volta — R$ 150 —, além do reembolso dos custos gerados com a participação, como vestido, cabeleireiro e viagem.

A organizadora do concurso, Renata Issa, admitiu o erro, mas disse não saber como resolver o imbróglio. Ela chegou a cogitar realizar uma nova seletiva, mas modelos ouvidas pela reportagem disseram que não aceitam nenhum acordo, a não ser a devolução do dinheiro investido.

Em uma página do Facebook, as candidatas que participaram do evento estavam revoltadas. “Meu primeiro e último (concurso) com toda certeza. Estava no bingo que aconteceu sábado em São Paulo, lamentável”, disse uma modelo.

Duas jovens de Campinas participaram do desfile do último sábado representando a cidade.

Uma delas foi enfática ao criticar a seleção. “Se eu soubesse que ia ser um sorteio eu não teria me inscrito. Eu não tenho sorte. Ser miss não é ter sorte”, disse a jovem, que faz trabalhos como modelo plus size, mas preferiu não se identificar. Ela já ingressou com uma ação judicial para tentar reaver o dinheiro investido para participar do evento.

“Tinha regulamento e lá dizia que as misses seriam escolhidas pela contagem de pontos, iriam analisar desenvoltura, simpatia, elegância. Mas quando a gente foi desfilar, ela (Renata) simplesmente chamou todas as meninas e disse que cada um dos 12 jurados iria escolher uma miss. Eu fiquei entre as 12, mas aí já estava errado, não seguiram o critério de pontuação”, contou.

Segundo a candidata, cada jurado rasgou um pedaço de papel e um sorteio foi feito na hora para selecionar as cinco finalistas, que irão representar o estado no concurso nacional, que deve ser realizado em janeiro do ano que vem.

“Ela deu um golpe na gente. Pegou nosso dinheiro e fez isso”, disse a modelo de Campinas, que afirma ter investido cerca de R$ 1,5 mil entre roupas, viagem e inscrição. “Tem muito aproveitador nesse meio, e a gente só não quer que ela faça isso com outras pessoas.”

Sem solução

A produtora do concurso, Renata Issa, afirmou, a princípio, que a reclamação aconteceu por parte das modelos que não venceram o concurso. “As que estão reclamando são as que não foram classificadas”, disse, mas logo depois recuou e admitiu a falha no regulamento. “Estamos tentando ver o que dá para ser feito para reparar isso. Foi falha minha porque estou muito atarefada e acabei esquecendo de trocar o regulamento. Mas eu expliquei no camarim como ia ser. Não escondi nada de ninguém”, disse.

Renata justificou que optou por modificar a seleção porque em concurso anterior foi acusada de beneficiar uma candidata. “Eu tinha que buscar uma forma de fazer diferente do tradicional para que tivesse mais credibilidade. Na minha concepção não tem nada errado. Não fraudei o concurso, só mudei a forma de votação, ninguém no momento se levantou para questionar, se tivesse feito isso eu iria fazer diferente, eu ia mudar.”

Ela afirmou que não sabe como vai resolver a situação. “Estou pensando em contornar uma coisa que as pessoas não entenderam o que eu quis fazer. Eu quero resolver da melhor forma. Eu só não vou estornar o dinheiro, mas se precisar eu faço outro concurso. Faço a seletiva de novo, fechada, só com parentes. Faço outro e ponto final, mas isso eu acho injustiça e desrespeito com os jurados que escolheram as meninas que ganharam. Não sei o que vou fazer.”

Em meio às dúvidas, Renata disse ter uma certeza. “Não vou fazer sorteio nunca mais.”