JOGO RÁPIDO

Como melhorar o uso do VAR

Coluna publicada na edição de 9/11/18 do Correio Popular

Carlo Carcani Filho
09/11/2018 às 03:00.
Atualizado em 05/04/2022 às 21:21

O VAR teve grande influência na definição dos finalistas da Libertadores. No segundo jogo entre Grêmio e River Plate, o recurso eletrônico levou o árbitro a marcar corretamente um pênalti para os argentinos. Na minha avaliação, porém, o juiz errou feio ao dar o segundo cartão amarelo e expulsar Bressan. O zagueiro gremista deixou o gramado indignado e com razão. Ele não teve a menor intenção de desviar o chute de Scocco com a mão e, por isso, não deveria ser expulso. Essa, porém, foi a interpretação do uruguaio Andrés Cunha ao rever o lance em vídeo. Com a bola rolando, ele sequer viu o pênalti e nem mesmo os jogadores do River reclamaram. O árbitro foi alertado pelo VAR. O problema é que, no mesmo jogo, a bola bateu no braço de um jogador do River antes de entrar no gol. Nesse caso, o VAR não fez nenhum alerta à arbitragem. Eu não tenho a menor dúvida que a tecnologia será útil ao futebol e que chegou para ficar. Mas o que pode ser feito para que o árbitro de vídeo não tenha superpoderes? Como impedir que a lisura de uma partida seja questionada quando o VAR sugere a reavaliação de um lance e não faz o mesmo contra o outro time, em jogadas semelhantes? A solução é dar a treinadores ou capitães o direito de revisão de um ou dois lances por tempo. Isso não eliminaria todos os problemas, mas seria mais justo. É assim que funciona — e muito bem — no tênis e no vôlei. Se os times tiverem o direito de solicitar a revisão dos lances duvidosos, a arbitragem não poderá ser acusada de só interferir a favor de uma equipe. No caso de Palmeiras x Boca Juniors, o VAR levou o árbitro a anular um gol brasileiro logo no início ao detectar corretamente um impedimento no início da jogada do gol de Bruno Henrique. O colombiano Wilmar Roldán não foi até o monitor para rever o lance e marcou o impedimento com base na informação que recebeu pelo sistema de comunicação. Na mesma partida, o Palmeiras reclamou de um pênalti. Como o braço do zagueiro argentino estava junto ao corpo, não houve penalidade. O VAR acertou. Mas, novamente, o juiz não foi ao monitor. Roldán acertou ao não marcar o pênalti, mas deu tiro de meta para o Boca, quando claramente deveria ter marcado um escanteio para o Palmeiras. Ele não teria cometido esse erro grotesco se tivesse se dado ao trabalho de ver o vídeo. O VAR deve ser uma ferramenta — e não um substituto — do árbitro principal. A Fifa deve estar atenta a todas essas falhas para tornar, o quanto antes, o VAR mais eficiente e justo.

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