Em sua quarta edição, Festival Internacional de Curitiba se consolida como um dos mais importantes do mundo
Cena de 'Jauja', dirigida por Lisandro Alonso: coprodução entre o Brasil e Argentina estreia em 25 de junho ( Divulgação)
'Rabo de Peixe', dos portugueses Joaquim Pinto e Nuno Leonel, sobre o cotidiano dos pescadores na Ilha dos Açores, abre nesta quarta-feira (10) o 4º Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba. Até dia 18 serão exibidos 92 títulos — 53 longas e 39 curtas — representando 32 países. Segundo a curadoria, os selecionados “promovem reflexões sobre o cinema e estimulam a formação de novos olhares”. Quase todas as obras são inéditas no Brasil. O evento traz convidados nacionais e internacionais (que participarão de debates e oficinas), mostras competitivas de longas e curtas e paralelas. Entre eles, está o argentino Lisandro Alonso, diretor de 'Jauja', coprodução com o Brasil e protagonizada por Viggo Mortensen que chega aos cinemas no dia 25. O cineasta Aly Muritiba, um dos diretores do evento, diz que, diante da crise econômica, houve problemas para montar o festival, mas o orçamento acabou maior do que o de 2014. Segundo ele, o Olhar de Cinema se tornou obrigatório para quem deseja saber o que de mais instigante se produz no cinema mundial. Entre as novidades, destaque para a mostra Olhares Clássicos e a Foco; esta, dedicada à obra completa do americano Nathan Silver, que estará em Curitiba; quatro masterclass, retrospectiva de Jacques Tati, e a presença de mais de cem produtores que discutirão cinema e TV no Brasil. Leia a seguir trechos da entrevista com Muritiba.Correio Popular – Houve dificuldades para levantar o festival diante da crise econômica? Aly Muritiba — Vivemos insegurança grande até janeiro, pois nosso principal patrocinador sofreu impacto da crise, e o perdemos. Cogitamos reduzir o número de convidados, pois estava difícil conquistar novos parceiros. Mas a coisa mudou e, graças a novas parcerias, o festival acontecerá conforme nossos planos. E terá orçamento maior do que dos anos anteriores, o que se reflete no aumento do número de salas e de mostras e na quantidade de convidados internacionais, além da criação do Mercado de Cinema.Houve alguma mudança de conceito para esta quarta edição? Ano após ano o festival evidencia seu caráter irrequieto, cinéfilo e arriscado, traços marcantes desde a primeira edição. Em linhas gerais o conceito é mesmo: trazer ao País obras desafiadoras e inovadoras, mas cada edição possui conceito próprio; o deste ano se resume a leveza e movimento. Os anos anteriores serviram como cartão de visitas. Experimentamos formas, mostras, lugares, e mostramos ao público o que nos definia. Neste, demos um passo além e aumentamos o número de salas e mostras e criamos o Mercado de Cinema que, na primeira edição oferece um conjunto de atividades de formação e negócio. E, graças ao prestígio conquistado, conseguimos atrair expressivo número de filmes inéditos. Cerca de 90% deles farão première no Brasil.Qual o lugar do Olhar de Cinema no cenário brasileiro de festivais? Ouço e concordo que o Olhar de Cinema se tornou obrigatório para aqueles que desejam saber o que de mais instigante se tem produzido no cinema mundial. Ele ajudou evidenciar o quão importante é a direção artística num evento desta natureza. E creio ter confirmado que seriedade e profissionalismo na curadoria são essenciais para o sucesso ou fracasso de um festival que se pretende mais que um simples lugar de celebração.Há algum destaque para 2015? São vários. Criação da Mostra Foco, função dedicada à obra completa de jovens realizadores pouco conhecidos no país. Nesta edição veremos os filmes do americano Nathan Silver, que estará em Curitiba. Teremos quatro masterclass: Nathan Silver, o realizador argentino Lisandro Alonso, Kidlat Tahimik, considerado o “pai do cinema independente filipino” e o acadêmico francês Stéphane Goudet, sumidade em Jacque Tati, de quem teremos retrospectiva completa. Haverá o Encontros de Negócio do Mercado de Cinema, que traz à cidade mais de cem produtores para discutir cinema e TV no Brasil. E criamos o Curitiba_Lab, laboratório de aprimoramento de projetos cinematográficos, cujos produtores e diretores recebem consultorias com especialistas nacionais e internacionais. Filmes da mostra competitiva de longas do 4º Olhar de Cinema'A Misteriosa Morte de Pérola' (Guto Parente, Brasil) 'A Proletarian Winter’s Tale' (Julian Radlmaier, Alemanha) 'Angels of Revolution' (Aleksey Fedorchenko, Russia) 'I Am the People' (Anna Roussillon, França) 'Koza' (Ivan Ostrochovský, Eslováquia/República Checa) 'Lúcifer' (Gust Van Den Berghe, México/Bélgica) 'Mercuriales' (Virgil Vernier, França) 'Reality' (Quentin Dupieux, França) 'Story of Judas' (Rabah Ameur-Zaïmeche, França) 'Violência' (Jorge Forero, México/Colômbia) * O JORNALISTA VIAJOU A CONVITE DO FESTIVAL