LITERATURA

Clube de leitura privilegia clássicos consagrados

Fábio Trindade
17/11/2013 às 05:00.
Atualizado em 26/04/2022 às 14:34

Mais do que a amizade — quem diria —, é justamente a literatura clássica que une Julia Caroline Dias Xavier, Talita Daielly Nunes Dias, Dayane Silva Paiva e Gabriela de Jesus dos Reis, todas de 14 anos. Quando uma descobre uma obra que considera interessante, logo conta para as outras, que se organizam na fila de revezamento de livros. O Diário de Anne Frank, escrita pela jovem do título aos 13 anos, entre 12 de junho de 1942 e 1 de agosto de 1944, durante a Segunda Guerra Mundial, está com a Gabriela no momento, porém, é o livro preferido de Julia. “Ela considera a obra uma amiga e a chama de Kitty, como se contasse tudo para ela. Depois de ler, eu me emocionei tanto, fiquei tão envolvida com a história, que decidi escrever meu próprio diário. Ela (Anne Frank) tinha quase a minha idade e me chocou bastante saber tudo o que ela passou, porque ficava imaginando se fosse comigo”, lembra a estudante, que tem no “currículo” obras como Dom Casmurro, de Machado de Assis, e Capitães da Areia, de Jorge Amado.Já Dayane anda para cima e para baixo com Histórias Para Ler Sem Pressa, um apanhado de 30 contos curtos — a maioria de uma página —, em tradução direta do árabe por Mamede Mustafa Jarouche. “Gosto do jeito como ele se expressa, as palavras são diferentes, com uma linguagem muitas vezes até difícil. Quando não conheço alguma coisa, pesquiso na internet para saber o que é, e descubro que sempre há uma mensagem diferente por trás de tudo”, diz a estudante, que tem o romance O Quinze, de Rachel de Queiroz, como um de seus prediletos.Talita, após se comover com Negrinha, de Monteiro Lobato, decidiu mudar o estilo e passou a ter Agatha Christie como melhor amiga. “Nunca imaginei que um livro me deixaria tão triste. Mas não vejo isso como algo ruim, porque me apaixonei pela Negrinha. Tem uma parte na história em que ela pega a boneca da sobrinha da dona da cangaço, que é muito triste. Não conseguia parar de chorar enquanto lia. E por isso adorei ter lido, porque mexe muito com a gente. Mas agora comecei O Assassinato de Roger Ackroyd e estou ansiosa para saber o que vem por aí.”VestibularAna Laura Camargo, de 17 anos, está naquela fase em que precisa ler inúmeros livros por conta do vestibular. Como vai prestar mais de uma universidade, a quantidade de títulos dobra. Isso, entretanto, não é um problema para ela. Aliás, algumas das obras “obrigatórias” já foram lidas há muito tempo — e por puro prazer. Algo que ela agradece principalmente ao pai, seu maior incentivador. “Ele gosta muito de ler e sempre me indica alguma coisa. Adoro bastante José de Alencar, principalmente A Senhora e Iracema. O jeito que ele descreve a Aurélia é inexplicável. Ela é poderosa e o Fernando mendigava o amor dela. Capitães da Areia (Jorge Amado) também é outro que me agradou. Mas acho que meu autor favorito é Machado de Assis”, afirma.A jovem tem motivos para isso, afinal, ganhou de herança do avô uma coleção com todos os romances do escritor, além de algumas coletâneas de contos. “Eu não o conheci (o avô), mas sou muito grata por ele ter me deixado esses livros. Li Memórias Póstumas de Brás Cubas, Papéis Avulsos e assim que passar o vestibular vou ler Esaú e Jacó.”

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