MEDICINA

Cirurgia ajuda paciente com o Mal de Parkinson

Operação rara, com aplicação de eletrodo no cérebro do doente, foi realizada no Centro Médico

Patrícia Azevedo
10/04/2013 às 23:26.
Atualizado em 25/04/2022 às 20:58
Os neurocirurgiões Antonio Carlos Haddad (em pé) e Marcelo Sena Xavier (Dominique Torquato/AAN)

Os neurocirurgiões Antonio Carlos Haddad (em pé) e Marcelo Sena Xavier (Dominique Torquato/AAN)

Os neurocirugiões Antonio Carlos Haddad e Marcelo Sena Xavier fizeram na última terça-feira (9), em Campinas, uma cirurgia ainda rara no Brasil em um paciente que sofre da doença de Parkinson. Eles implantaram um eletrodo ligado a um neuroestimulador em uma região do cérebro que participa do controle dos movimentos. A medida auxilia os portadores da doença a ter melhor controle sobre os movimentos e melhora a qualidade de vida do paciente.

A cirurgia, chamada Estimulação Cerebral Profunda ou DBS, da sigla em inglês, foi feita no Hospital Centro Médico de Campinas. “É uma cirurgia cara, que utiliza equipamentos importados. A intervenção dura de quatro a seis horas”, afirma Haddad. O paciente é um homem de 57 anos e tem o diagnóstico há cerca de 5 anos. A cirurgia foi bem-sucedida e o paciente se recupera bem.

O eletrodo é ligado a um aparelho gerador de neuroestimulação que provoca impulsos elétricos e melhora a locomoção dos pacientes. É a primeira vez que o Centro Médico realiza esse tipo de cirurgia.

O eletrodo é milimétrico e implantado com o paciente acordado. “Isso acontece para que os médicos possam testar eletricamente o aparelho. As melhoras podem ser observados na hora. Melhora os tremores e a rigidez dos braços e das pernas. Há uma melhora importante na qualidade de vida do paciente, mas não cura a doença”, completa.

O médico explica que Parkinson é uma doença degenerativa e progressiva tratada com medicação. “Com o tempo alguns pacientes começam a não ter uma boa resposta a medicamento. Alguns pacientes podem ter efeitos colaterais”, afirma.

Haddad explica que o doente com Parkinson sofre da falta de dopamina, que é produzida em uma área do cérebro chamada substância negra. “O eletrodo fica implantado em áreas do cérebro que se comunicam com a substância negra. O paciente tem tremores, não consegue manter o equilíbrio, caminhar bem ou desenvolver atividades manuais. A qualidade de vida fica comprometida”, explica.

Segundo o especialista, não são todos os pacientes que podem ser submetidos à intervenção. “Pacientes jovens são potenciais candidatos e a cirurgia geralmente é indicada depois de alguns anos de evolução da doença”, comenta.

Apesar dos esforços de cientistas e institutos de pesquisa, ainda não há cura para a Doença de Parkinson. O que os cientistas sabem é que a redução da produção de dopamina é um dos fatores que provocam o mal. Ele se soma a fatores genéticos ou ambientais. “O que a Ciência sabe é que as células que ficam em uma região chamada substância negra degeneram até morrer. As pesquisas estão focadas no uso de células-tronco”, afirmou Haddad.

Saiba mais

O dia 11 de abril foi a data escolhida para ser comemorada mundialmente como o dia de atenção à doença de Parkinson. O Ministério da Saúde estima que a prevalência da doença no Brasil seja de 100 a 200 casos para cada 100 mil habitantes. Os sintomas surgem depois dos 65 anos de idade. Os primeiros sinais são quase imperceptíveis, como caligrafia menos legível, fala monótona, lapsos de memória e depressão. 

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