Cineasta Manoel de Oliveira viaja na contramão do didatismo

Acreditem, existe um cineasta português de 104 anos que continua a produzir sem parar. Seu nome é Manoel de Oliveira. Se não conhece nada dele, aproveite para ver . Produzido em 2010, o filme viaja na contramão do cinema didático e simplista. Além de pitada de fantástico, o diretor deixa no ar um mistério.

No elenco, o ótimo ator Ricardo Trêpa (sobrinho de Manoel), que eu tive o prazer entrevistar a propósito deste filme. Ele vive um jovem fotógrafo chamado para retratar a bela Angélica do título (Pilar López de Ayala), que acaba de morrer, mas mantém estranho sorriso. E, posteriormente, passa a ter visões mais do que reais com ela. Soa, em princípio, como algo fantasmagórico, mas não é. Pelo contrário, trata do tema de modo muito sensível, pois Angélica costuma aparecer a ele em sonhos.

Sonho e realidade se misturam e confundem um pouco a cabeça do personagem. Manoel dirige com sobriedade, nunca exacerba no tema e, ao mesmo tempo, mantém a ideia de que o personagem fantasia as visões sobrenaturais