ENTREVISTA

Chega de dor!

Técnica que trabalha o corpo como um todo promete resultados rápidos e duradouros contra problemas que causam desconforto; flexibilidade, postura, respiração e circulação também são favorecidas

Karina Fusco
15/09/2013 às 05:00.
Atualizado em 26/04/2022 às 02:15

As dores, sobretudo na coluna, nas articulações e na musculatura, estão entre as principais queixas da população brasileira. Para aliviar o desconforto, começa a fazer fama no País o Rolfing, técnica fundamentada em estudos de bioquímica, anatomia e funcionalidade músculo-esquelética e criada pela bioquímica Ida Rolf, nos Estados Unidos, na década de 1950. De acordo com a rolfista Yeda Bocalleto, de Campinas, o método consiste na manipulação dos tecidos e trabalha o corpo integralmente, não apenas o alvo da queixa.“Ao analisar os padrões de movimentos como andar, sentar e dirigir, além de hábitos posturais, é possível descobrir as relações que ocasionam os problemas. Assim, alguém que chega ao consultório reclamando de incômodo nos ombros não terá apenas eles manipulados, pois a origem da dor pode estar num excessivo tensionamento dos joelhos, por exemplo”, explica. A rolfista informa que as mulheres são as que mais sofrem com dores corporais, tanto por fatores fisiológicos quanto socioculturais. “Elas têm jornadas múltiplas, cuidando de filhos, trabalhando fora, gerenciando a casa e sempre se colocando em último lugar. Acabam não se cuidando apropriadamente, não possuem rotina regular de exercícios, não se alimentam bem nem dormem adequadamente. Porém, há que se considerar que elas buscam mais tratamento do que os homens”, diz.Formada e pós-graduada em Rolfing pelo Rolf Institute, em Boulder, nos Estados Unidos, Yeda também é membro e professora da Associação Brasileira de Rolfing, com sede em São Paulo. À Metrópole, ela explica como funciona a técnica, fala dos benefícios e conta porque os resultados são rápidos e duradouros. “O método pode ser aplicado concomitante ou alternadamente a tratamento medicamentoso, fisioterapia tradicional, RPG e Pilates”, esclarece. Metrópole – Como funciona o Rolfing?Yeda Bocalleto – É uma terapia corporal que visa organizar a postura e eliminar dores crônicas nos músculos, na coluna e nas articulações. É uma fisioterapia alternativa que realinha o corpo em relação à força da gravidade, acaba de modo eficiente e definitivo com dores e desconfortos, libera tensões e estimula a melhora da consciência corporal. O método é conhecido nos Estados Unidos há mais de 60 anos, mas apenas agora começa a se estabelecer no Brasil. Quais benefícios ele traz à saúde?Melhora a postura, o alinhamento e a consciência corporal, elimina dores crônicas musculares e articulares, aumenta a flexibilidade de músculos, tendões, ligamentos e a amplitude de movimentos das articulações. Também amplia a respiração e favorece a circulação sanguínea e a oxigenação dos tecidos. Quais são as principais queixas de quem recorre à técnica?Dores e desconfortos musculares e articulares de todos os tipos, mas os mais comuns são nas costas (lombar, cervical, pescoço, torácica, hérnia de disco e ciatalgia). Essas queixas são seguidas por artrose, tendinite e bursite crônicas, fibromialgia e enxaqueca. Boa parte das pessoas ainda busca atendimento para melhorar a postura, a coordenação motora e a performance no esporte e na dança e também para ter mais consciência corporal. Existe algum período do ano em que tais incômodos apareçam com mais frequência?As pessoas buscam o Rolfing durante todo o ano, de maneira homogênea. No entanto, no inverno há um número maior de retornos de pacientes que se trataram, mas sentem desconfortos por causa do frio. Essas pessoas tendem a fazer mais sessões de manutenção na época de baixas temperaturas. Por que as mulheres são mais acometidas por dores musculares e articulares?Por diversos fatores. O primeiro, fisiológico, é que o sistema músculo-esquelético delas é mais frágil do que o dos homens e o desgaste articular e ósseo acontece a partir dos 50 anos – nos homens, esse processo se inicia por volta dos 65 anos. As mulheres também sofrem mais com desgaste de joelhos e de quadril, hérnias de disco, bicos de papagaio na coluna e osteoporose, além de perderem massa muscular progressivamente, conforme a idade avança. O outro fator é hormonal. Na fase fértil, a variação das taxas de estrogênio e de outros hormônios durante o ciclo menstrual pode causar dores intensas na musculatura e nas articulações. Quando chegam ao climatério e à menopausa, o estrogênio diminui bastante, surgem mais desconfortos e uma das patologias mais comuns nesse período é a fibromialgia. Existem, ainda, aspectos externos, como o sedentarismo e o pouco cuidado consigo. Porque, sem exercícios, há perda significativa das massas muscular e óssea. O fator sociocultural vem reforçar o que a genética já tinha determinado. Em que outras situações o método pode ser empregado?Enxaqueca, fibromialgia, artrose, lesão por esforço repetitivo (LER), tendinites e bursites crônicas, lesões por esporte e disfunção na articulação temporo-mandibular, que engloba problemas na mandíbula, bruxismo, apertar de dentes e tensão na face. A técnica também proporciona excelentes resultados no tratamento de tensões originadas de práticas diárias, como o uso de computadores, e das dores derivadas do estresse e do ritmo de vida intenso e desgastante.Como é a aplicação do Rolfing?Por meio da manipulação dos tecidos moles, que são os músculos, os ligamentos e os tendões, em sessões com duração de uma hora a uma hora e meia. O método é baseado no toque preciso e profundo dessas estruturas anatômicas com o objetivo de alongar os tecidos, dissolver aderências (“nozinhos”) e recolocá-los no lugar, restabelecendo sua função saudável. Quando o corpo está organizado, alinhado e em equilíbrio, as dores e os desconfortos acabam. E, como a técnica atua na origem dos problemas, os resultados são rápidos e permanentes.  Há contraindicações?O Rolfing é contraindicado apenas em processos inflamatórios agudos, como reumatismo e lúpus quando estão ativos, e em locais em que a pele apresenta lesão ou inflamação. Pessoas enfermas, com infecções e em estado febril também não devem passar pelas sessões. Quanto tempo, em média, dura o tratamento?Para corrigir postura e tratar patologias leves ou moderadas, são necessários de três a quatro meses, em média, com uma sessão semanal. O tratamento é composto por um ciclo definido de sessões, que varia entre dez e 15. Preconizamos ainda um ciclo menor de manutenção, entre três e seis sessões, que podem ser feitas anualmente ou a cada dois anos.

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