Coluna publicada na edição de 10/6/17 do Correio Popular
Muita gente comemorou nas redes sociais o fato de o amistoso entre Brasil e Argentina não ter sido transmitido pela Globo. A emissora, que transmite jogos da Seleção há décadas, muitas vezes com exclusividade, não chegou a um acordo com a CBF e, ao que tudo indica, terá certa dificuldade para transmitir partidas no futuro, inclusive em compromissos oficiais. Isoladamente, não há nada o que se comemorar nessa briga. Foi só bater o olho na tela ontem para perceber que a qualidade da transmissão foi bem inferior. Não há comparação entre um jogo com imagens em alta definição e outro sem, como foi o caso na TV Cultura. Esse aparente desentendimento entre CBF e Globo é ruim para as duas partes e também para o torcedor. O futebol brasileiro precisa evoluir e não se faz isso trocando a transmissão da Globo e seu inquestionável padrão de qualidade por uma emissora estatal que sequer tem profissionais para transmitir uma partida, já que seu envolvimento em coberturas esportivas é quase nulo. Para que o futebol brasileiro ganhe em qualidade, é preciso que haja concorrência. É o que vai acontecer, por exemplo, na TV fechada a partir de 2019. Vários clubes já assinaram com o Esporte Interativo, que vai dividir as transmissões do Brasileirão com o Sportv. Os clubes terão mais poder de negociação e poderão formar elencos com mais qualidade, já que a concorrência entre as emissoras vai gerar contratos melhores. O torcedor poderá comemorar mesmo se essa disputa chegar à TV aberta. A Globo tem grandes profissionais e faz transmissões excelentes, mas sem concorrência ela não pensa duas vezes em realizar tantas partidas no péssimo horário das 21h45. Isso é hora de a rodada estar terminando, mas jogos importantes são realizados nesse horário todas as quartas-feiras. A emissora certamente iria pensar um pouco mais no torcedor se um outro canal aberto transmitisse clássicos às 20h30. Os fãs de futebol terão o que comemorar se um dia isso vier a acontecer. A Cultura transmitir um amistoso da Seleção sem imagem em alta definição não é vantagem para ninguém. Não faz sentido celebrar um revés da Globo nesse caso. O que todos devem desejar é que o telespectador tenha mais opções, com a melhor qualidade de transmissão possível, no melhor horário possível. Comemorar uma mudança para pior é uma atitude mesquinha, de quem é incapaz de reconhecer as virtudes do padrão Globo de qualidade. O futebol deve buscar mudanças que sejam benéficas e proporcionem crescimento, em todos os setores. Infelizmente, essa não me parece ser a meta da CBF nesse aparente desentendimento com a Globo.