CAMPINAS

Cantareira tem 2º abril mais seco em 84 anos

A previsão de chuva para os próximos dias não vai favorecer o aumento do nível de armazenamento

Maria Teresa Costa
01/05/2015 às 05:00.
Atualizado em 23/04/2022 às 14:52
Cantareira opera com -9,3% da capacidade, segundo novo índice (Renato César Pereira/ Estadão Conteúdo)

Cantareira opera com -9,3% da capacidade, segundo novo índice (Renato César Pereira/ Estadão Conteúdo)

Em crise declarada há 14 meses, o Sistema Cantareira registrou o segundo mês de abril com o menor volume de entrada de água nos reservatórios dos 84 anos de medição. O mês fecha com uma vazão afluente — volume de água que chega às represas — de apenas 16,18 metros cúbicos por segundo (m3/s). A pior marca foi em abril de 2014, quando a vazão afluente média chegou a 13,46m3/s. A situação do sistema, que nesta quinta-feia (30) operou com 19,9% da capacidade, 0,1 ponto percentual abaixo de quarta-feira, é consequência direta do baixo índice pluviométrico na região — choveu apenas 45,3 milímetros, 50,2% da média histórica de abril. É o menor índice de chuva desde 2006, quando a precipitação foi de 30,2mm. Previsão A previsão de chuva para os próximos dias não vai favorecer o aumento do nível de armazenamento. Uma massa de ar seco de origem polar vai predominar sobre a região do Cantareira nos próximos 15 dias. Até o dia 11 de maio pouca ou nenhuma chuva deve ocorrer sobre a área de captação das bacias hidrográficas que compõem o sistema. A chance de chover de forma generalizada aumenta só por volta do dia 8 de maio com a passagem de uma grande frente fria, segundo a Climatempo. A redução da frequência e do volume diário de chuva já é o indício do começo do período de estiagem. O período chuvoso terminou e daqui para frente a chuva vai ficar cada vez mais escassa, dependendo quase que exclusivamente da passagem de frentes frias. Cotas não foram recuperadas Mas nem todas as frentes frias vão provocar chuva. As pancadas de chuva em fim de tarde também param de ocorrer porque a atmosfera fica mais seca e fria. Abril termina sem que o Sistema Cantareira tenha conseguido repor as duas cotas de volume morto que começaram a ser bombeadas em 15 de maio para evitar o racionamento de água na Grande São Paulo. Dos 287,9 bilhões de litros existentes nas reservas mais profundas dos reservatórios, o sistema conseguiu repor até ontem 200,6 bilhões de litros. Os gestores do sistema, a Agência Nacional de Água (ANA) e Departamento de Água e Energia Elétrica (Daee), devem definir nesta sexta-feira (1º) como será a operação dos reservatórios durante o mês de maio. Em abril as regras estabeleceram uma vazão máxima de 1,5m3/s para as Bacias PCJ descarregadas nos rios Jaguari e Atibaia, mas esse volume não foi suficiente, e levou a Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento (Sanasa) a pedir aumento de descarga, para garantir volume e qualidade de água.  Nova queda Com o Rio Atibaia novamente em queda — nesta quinta-feira 5,4m3/s passaram por Campinas — a empresa voltou a pedir aumento de liberação de água do sistema, mas apenas 0,82m3 foi descarregado no manancial que abastece 95% da população de Campinas. A situação continua se agravando. Há um ano, o Cantareira operava com 10,9% da capacidade, mas dentro da faixa do volume útil dos reservatórios. Nesta quinta, no entanto, o sistema estava negativo em 9,3%, ou seja, para que recupere todo o volume morto e comece a armazenar água dentro da faixa do volume útil, o sistema terá que receber ainda cerca de 87 bilhões de litros de água, difícil de ocorrer dentro do período de estiagem. Veja também Campinas rejeita menos água do Cantareira Prefeitura se manifesta contra contra a redução de 2m3/s para 0,50m3/s para a região Santa Bárbara suspende rodízio de água após chuvas Represas Cillo estão com 100% de armazenamento, mas a cidade mantém o estado de emergência Piracicaba é líder em desperdício de água, diz estudo Além de Piracicaba, Instituto Trata Brasil levantamento analisou a situação de outros três municípios da região - Jundiaí (35,13%), Limeira (14,46%) e Campinas (19,18%)

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