RESERVATÓRIOS

Cantareira recebe 2º menor volume de água em 85 anos

Com esse volume armazenado, o sistema ainda está operando no negativo, dentro da cota do volume morto, em 9,3%

Maria Teresa Costa
15/06/2015 às 21:53.
Atualizado em 23/04/2022 às 10:32
Pescador tenta a sorte às margens da Represa Atibainha: depois de 12 dias operando no volume útil, nível cai novamente e bombas são religadas (  Cedoc/RAC)

Pescador tenta a sorte às margens da Represa Atibainha: depois de 12 dias operando no volume útil, nível cai novamente e bombas são religadas ( Cedoc/RAC)

O volume de água que está entrando nos reservatórios do Sistema Cantareira é o segundo menor para o mês de junho dos últimos 85 anos. A chamada vazão afluente está em 14,93 metros cúbicos por segundo (m3/s), de acordo com a Sala de Situação da Agência Nacional de Águas (ANA). A menor vazão de junho desde 1930 ocorreu no ano passado, no auge da crise hídrica, quando apenas 6,62m3/s entraram nos reservatórios — tanto por chuva quanto pelos rios que nascem no Sul de Minas e são represados em São Paulo.Até esta segunda-feira, 16, havia chovido na região dos reservatórios 11,7 milímetros (mm), que representam, em metade do mês, apenas 20% do esperado para junho. A média para o mês é de 58,5mm. Desde 2006, não chovia tão pouco nos primeiros 15 dias de junho no manancial. Com isso, o Cantareira operou em 19,9%, queda de 0,1 ponto percentual em relação a domingo. Com esse volume armazenado, o sistema ainda está operando no negativo, dentro da cota do volume morto, em 9,3%. Há um ano, o sistema operava em 23,1%, já dentro do volume morto. Será preciso entrar mais 106 bilhões de litros nas represas, para poder pagar a conta do empréstimo que desde maio do ano passado vem sendo retirado do volume estratégico armazenado.“Mais do que nunca é preciso economizar água e segurar todo o volume que for possível nos reservatórios, porque a estiagem vai pelo menos até setembro. A situação exige muita cautela”, afirmou o especialista em recursos hídricos José Henrique de Oliveira.De acordo com o meteorologista Alexandre Nascimento, da Climatempo, a previsão era de que o acumulado de chuva ontem chegaria a 20mm no Cantareira. Até o fim do mês, dois eventos de chuva são esperados para São Paulo. Mas o acumulado não deve ser grande. O mês de junho pode acabar com um acumulado abaixo de 30mm, sendo que a média de chuva para junho é de 55,7mm.As chuvas de maio, que tiveram a maior quantidade para o mês desde 2005, quando choveu 142mm, não foram suficientes para melhorar a situação — no mês, os reservatórios registraram 74,4 milímetros de chuva, abaixo da média esperada do mês, de 78,3mm. Com isso, os reservatórios perderam mais água do que receberam e o volume armazenado caiu.PCJO volume de água descarregado pelo sistema nas Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ) foi aumentado para 2,7m3/s — sendo 2,5m3/s no Rio Atibaia e 0,2m3/s no Rio Jaguari. A medida é um reforço para evitar problemas no abastecimento das cidades que, como Campinas, fazem captação nesses mananciais. O Rio Atibaia, na região onde a Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento (Sanasa) capta água para abastecer 95% de Campinas, registrou ontem uma vazão média de 5,1m3/s.Se o Sistema Cantareira receber a média de chuva esperada, irá sair do volume morto em janeiro de 2016, voltando à cota zero. A previsão está no relatório de 3 de junho do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden).Se as chuvas ficarem 25% abaixo da média, em 1º de dezembro, o sistema terá recuperado apenas um terço do primeiro volume morto. Se ficarem 25% acima da média histórica, o primeiro volume morto será recuperado no final de novembro.Se as chuvas ficarem 50% abaixo da média, previsão mais pessimista, o Cantareira voltaria a usar o segundo volume morto em dezembro. Mas, se a precipitação superar a média em 50%, análise mais otimista, o sistema recuperaria o volume morto e sairia do negativo em outubro.O volume útil do Sistema Cantareira (982 bilhões de litros) se esgotou no dia 11 de julho do ano passado. No dia 24 de outubro de 2014 um volume adicional de 105 bilhões, do chamado volume morto 2, tornou-se utilizável e começou a ser usado em 15 de novembro de 2014, quando a primeira cota se esgotou.

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