Alegação dada por funcionário da portaria é que eles não estão autorizados a recolher animais trazidos da rua
Os três cachorrinhos abandonados em frente ao Canil Municipal de Piracicaba (Claudio Coradini )
A Gazeta de Piracicaba flagrou na quinta-feira (21) três cãezinhos (dois machos e uma fêmea) com poucos dias de vida abandonados em frente ao Canil Municipal sem nenhum tipo de socorro ou assistência.
A primeira alegação dada por um funcionário da portaria é que eles não estão autorizados a recolher animais trazidos da rua por outras pessoas. Há uma placa de advertência sobre o assunto: "Não insista! Animais trazidos por terceiros não serão recolhidos no Canil Municipal".
Após a insistência em falar com algum responsável do local, os animais acabaram sendo recolhidos poucos minutos depois.
Um dos funcionários que se identificou apenas como "Fernando" disse que iriam recolhê-los e investigar sobre o abandono. Segundo a médica veterinária Eliane Silva, responsável pelo Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), o caso foi "atípico".
"Nós não íamos deixar os animais na rua". Porém, enquanto a Gazeta esteve aguardando a autorização para entrar no local - a justificativa era a de que não havia horário agendado -, os animais continuaram abandonados na rua.
Nesse mesmo período, um veículo saiu e outro, do serviço de recolhimento, entrou no local, além de outros veículos passarem pela rua sem que ninguém se comprometesse com a segurança dos animais.
Eliane informou que após serem recolhidos, os cãezinhos foram submetidos a uma bateria de exames e que, nesta sexta-feira (22), deverão ser "adotados" pelos rapazes que os encontraram e tentaram levá-los até o Canil.
"Eles acharam esses cães perto daqui e o trouxeram. Nós não pudemos recebê-los e eles saíram levando os cachorros. Depois, devem tê-los deixados na rua e eles voltaram".
Os cãezinhos já estão desmamados e devem ter de 50 a 60 dias. Ela apontou que eles estão com problemas de pele e verminose e, possivelmente, também devem estar com anemia.
De acordo com Eliane, todos os animais que são abandonados têm que ser recolhidos mesmo sem vagas. Ela aponta que hoje existem mais de 80 (muitos deles doentes e outros prontos para adoção) no Canil. A capacidade é de apenas 57.
O ideal seria um animal por cela, mas existem de dois a três dividindo o mesmo espaço.
No caso dos animais abandonados na quinta, ela explicou que se os "pais adotivos" não tiverem condições de criá-los ou de doá-los, eles podem ser levados para uma feira de adoção.
"Quando adotamos um animal, consequentemente, a responsabilidade passa a ser toda da pessoa".
A reportagem tentou localizar os pais adotivos dos cães, mas o contato deles não foi repassado pelo CCZ. De acordo com um dos funcionários, eles alegaram que não queriam se expor.
Questionada sobre os problemas no Canil Municipal, a Secretaria de Saúde enviou nota: "O local não é depósito de animais abandonados. O CCZ atua principalmente na orientação da população sobre a posse responsável dos animais e realiza ações constantes como a chipagem de cães e gatos e a castração desses animais. O CCZ promove ainda, com frequência, feiras de adoção de cães e gatos recolhidos pelo órgão. Os filhotes colocados para adoção na campanha "Adote um amigo" são todos castrados, chipados, vacinados e vermifugados. Desde 2005, quando os eventos de adoção começaram a ser feitos, mais de 5.1mil animais foram adotados", finaliza a nota.
Não foram respondidos os questionamentos sobre a superlotação do local e se existem projetos de ampliação do Canil.