EUA

Campineira integra programa na Nasa para ser astronauta

Em vez de abandonar o sonho, ela se debruçou sobre livros, ganhou incentivo dos pais e agora se aproxima de alcançar esse desejo

Gustavo Abdel
14/06/2015 às 18:30.
Atualizado em 23/04/2022 às 10:46
Andréia Ribeiro Noronha Sales, de 18 anos trabalha em um centro der
controle da Nasa no Colorado e ela sonha em ser astronauta ( Dominique Torquato/ AAN)

Andréia Ribeiro Noronha Sales, de 18 anos trabalha em um centro der controle da Nasa no Colorado e ela sonha em ser astronauta ( Dominique Torquato/ AAN)

É comum ouvir uma criança dizer que seu sonho é se tornar astronauta quando crescer. Mas quando a vida adulta chega, a fantasia geralmente se dissipa e o sonho é engavetado. Mas, para a campineira Andréia Ribeiro de Noronha Sales, de 18 anos, a história foi um pouco diferente. Em vez de abandonar o sonho, ela se debruçou sobre livros, ganhou incentivo dos pais e agora se aproxima de alcançar esse desejo. Hoje, no primeiro ano do curso de Engenharia Aeroespacial na Universidade do Colorado, nos Estados Unidos, Andréia se encaixou em um programa financiado pela agência Nasa (Administração Nacional da Aeronáutica e do Espaço) e é responsável pelo controle de centenas de satélites e rádios transmissores no território americano e mundial. Um passo importante já está dado — agora só falta vencer um seleto grupo de candidatos e chegar ao posto mais desejado dentro da agência espacial norte-americana: o de astronauta.Ao ouvirmos a história de Andréia, dá para entender porque a tímida garota, que está passando as férias em casa, no condomínio Alphaville, em Campinas, chegaria onde chegou: entre os melhores alunos do mundo que vão para a Universidade do Colorado. A paixão pelos números e pelo espaço veio de berço, literalmente, por influência da mãe engenheira civil e do pai piloto de avião, que lhe incentivaram, mostrando a beleza de suas áreas. Principalmente pela mãe, Silvia, por fazê-la transformar a matemática em algo prazeroso.“Aos seis anos ganhei de presente de Natal um miniplanetário, que projetava informações de planetas e outros astros. Naquele momento eu já tinha interesse pelo assunto”, disse a estudante.Aos 10 anos, ainda no Ensino Fundamental, Andréia vasculhava o site do colégio e acessava os conteúdos de matemática e física do Ensino Médio, e tentava resolver as equações horárias de aritmética. “Sempre gostei de provas e desafios”, disse. Já aos 12 anos participou da sua primeira Olimpíada Brasileira de Astronomia. “Na minha escola fui a única inscrita, e no dia da prova, enquanto meus amigos estavam em um estudo do meio, eu fazia prova na sala do diretor”, relembra. Daquele dia em diante não parou mais de participar de olimpíadas, seja de astronomia, robótica ou matemática. Faturou seis medalhas ao longo dessa jornada, o que a colocou no posto de uma das melhores alunas da escola.UniversidadeAndréia passou em três universidades, mas optou por Física na Universidade de São Paulo (USP), e foi morar em São Carlos. Na metade do primeiro semestre recebeu a notícia de que havia sido aceita na Universidade do Colorado, e sua carta de recomendação de 49 páginas, com toda a sua biografia, foi selecionada entre centenas. “Estava desanimada no dia em que recebi a notícia, e isso me renovou as esperanças”, lembra. Logo nos primeiros dias de aula se encaixou no programa Spacegrant, financiado pela Nasa para o desenvolvimento de pesquisas por alunos. Além da engenharia aeroespacial também cursa, paralelamente, astrofísica. “Quero aproveitar ao máximo esses créditos se eu quiser me formar em dois cursos.”No programa da Nasa que ela faz parte, toda semana Andréia participa de reunião com o diretor do Spacegrant para traçar as metas de trabalho. Rastrear satélites, coletar dados de uma estação espacial e monitorar as comunicações de rádio frequência de uma base terrestre são as atividades. Dentro do programa tem contato com profissionais da Nasa, o que aumenta suas esperanças de um dia esse fator ser um aliado na sua corrida espacial. Sonho“Meu maior sonho é ser astronauta, pois acredito que seja uma mistura de aventura e curiosidade científica. Deve ser fascinante ver a grandeza do universo, mas academicamente preciso estar no topo, já que exigem pelo menos doutorado e um grande preparo físico. Também tem que vencer a barreira de ser estrangeiro, já que a cidadania é um dos principais itens nessa hora”, afirma. Dos planetas preferidos da estudante Marte encabeça a lista, e Andréia diz que ainda desenvolverá motores e sistemas de propulsão capazes de levar o homem ao “Planeta Vermelho” em menos de um ano. Se concretizado, esse sim será um grande passo para a humanidade. “Vou batalhar por isso”, disse Andréia.

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